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De Olho no Rio – AEERJ01/04/2007

Visão distorcida

Francis Bogossian, presidente

Lucro não é pecado. Lucro não é desonroso. Lucro é o resultado inerente a uma empresa no mundo capitalista. O Brasil é um país capitalista. Para que uma empresa seja bem sucedida ela precisa dar lucro. Só com lucro é possível investir em novas tecnologias, no treinamento de pessoal, honrar impostos, distribuir dividendos aos acionistas e implementar ações de responsabilidade social para os colaboradores e comunidades.
Alguns administradores públicos, no entanto, pela falta de experiência no setor privado, vêem “lucro” como “ganância” do empresário.
Pela segunda vez, ouvi de um secretário de Estado do Governo do Rio, o convite para que as construtoras trabalhem para o governo a preço de custo.
Não posso, como empresário há 35 anos e dirigente da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro ouvir esta proposta sem discordar.
Isto é uma aberração. Pode-se até discutir o percentual de lucro em uma obra pública, mas não se pode ignorá-lo sob pena de perda de competitividade das empresas. Grandes empreendimentos, em certos casos, podem admitir percentuais menores em função de ganhos em escala, mas o percentual precisa existir.
No Rio de Janeiro, há mais de 10 anos, os governos do Estado e do Município, excluíram o lucro dos orçamentos de obras públicas. O resultado é o que se vê. O sucateamento e a perda de competitividade das construtoras do Rio de Janeiro, principalmente as médias e pequenas empresas, que não têm estrutura para trabalhar em outros estados. Ao invés de promover o crescimento das construtoras cariocas e fluminenses para que passem a competir em outras praças, aumentando a riqueza do Estado, os administradores públicos do Rio vêm incentivando a atração de empresas de fora, que chegam, fazem as obras e se vão, sem criar vínculos ou empregos de longo termo no Rio.
A mentalidade dos administradores públicos precisa mudar. Ao invés de pensarem em reduzir o lucro do setor produtivo, deveriam procurar melhorar a produtividade dos órgãos públicos, reduzir o volume de impostos e estimular os investimentos.