Veja os setores que mais subiram na bolsa brasileira nos últimos 10 anos

Aeerj > Notícias > Informações > Veja os setores que mais subiram na bolsa brasileira nos últimos 10 anos

O índice que representa ações do setor imobiliário apresentou segundo pior desempenho no período, de 67,79%, aponta levantamento

OÍndice de Utilidade Pública (UTIL), que representa empresas de serviços essenciais, foi o índice setorial que mais se valorizou na bolsa brasileira, com alta acumulada de 348,11% nos últimos dez anos, segundo levantamento da Rico. O UTIL superou setores como Materiais Básicos e Dividendos. Empresas de energia elétrica, gás e saneamento fazem parte do grupo líder do ranking.

Na sequência, oÍndice de Materiais Básicos (IMAT), que abarca empresas que produzem commodities essenciais, subindo 308%; e o Índice de Dividendos (IDIV), focado em empresas que distribuem proventos elevados e consistentes, com alta de 251,79% no período.

De acordo com Maria Giulia Soares Figueiredo, analista da Rico e responsável pelo levantamento, o segmento do UTIL é conhecido por sua resiliência em períodos de crise econômica, dada sua característica de maior estabilidade e previsibilidade das receitas.

O levantamento analisou a performance dos principais índices setoriais da B3. Esses indicadores são como a bolsa brasileira segmenta empresas listadas de acordo com o setor em que atuam, como uma ‘carteira teórica’ das ações de cada área. Os índices setoriais funcionam como indicadores de desempenho, explica a analista.

O avanço de alguns setores e recuo de outros pode ser influenciado por acontecimentos no cenário interno e externo do país, bem como a situação das empresas que integram os índices.

“Para os investidores, compreender os movimentos desses ativos e setores, assim como os fatores que os impulsionam ou que podem derrubá-los, é essencial para identificar oportunidades e gerenciar riscos”, explica Maria Giulia
Na lanterninha do levantamento, o Índice de Consumo (ICON) teve a pior performance e foi o único índice com oscilação negativa no período analisado, acumulando queda de 5,37%, com empresas voltadas ao varejo e consumo. Segundo Maria Giulia, o resultado foi intensificado pela crise econômica a partir de 2014, com perda do poder de compra das famílias, aumento de desemprego e redução da renda disponível. Além disso, a pandemia de covid-19 no período, um cenário de alta inflação, instabilidade política e incertezas econômicas contribuíram para um ambiente de baixa confiança do consumidor.

“Esses fatores, combinados com a crescente concorrência de empresas de tecnologia e mudanças nos padrões de consumo, resultaram em um cenário desafiador para o índice de consumo”, pontua a analista.
Por que o Índice de Utilidade Pública (UTIL) avançou tanto?
A resiliência e estabilidade do setor em cenários diversos foram cruciais para a alta do índice UTIL, já que o segmento sofre menos com crises econômicas, oscilação de taxas de juros e possui reajuste periódico de tarifas, protegendo contra choques inflacionários e garantindo margens de lucros mais consolidadas, explica a analista.

“Empresas como Energisa (ENGI11), Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET6) e Sabesp (SBSP3) desempenharam papel fundamental nesse crescimento. Diferente de setores mais cíclicos, que dependem do crescimento econômico para prosperar, essas empresas oferecem serviços indispensáveis, garantindo uma demanda estável ao longo do tempo”, pontua.
A previsibilidade e distribuição de dividendos também são alguns dos grandes atrativos do segmento, já que as companhias possuem fluxos de caixa mais estáveis, permitindo um nível de previsibilidade de receitas “que é difícil de encontrar em outros setores, como em empresas de varejo”. Isso possibilita uma boa distribuição de proventos, o que atrai investidores que buscam ações boas pagadoras de dividendos, pontua Maria Giulia.

Em qual setor investir?
A analista ressalta que o mercado é dinâmico e os melhores desempenhos do passado nem sempre se repetem no futuro. No entanto, ela lembra que o investidor deve entender o comportamento de cada setor e o momento econômico atual para construir uma carteira diversificada e alinhada aos seus objetivos financeiros.

“A análise dos últimos dez anos mostra a influência de fatores globais, como o ciclo de commodities e a recuperação econômica, no mercado brasileiro. Setores resilientes, como serviços essenciais, por exemplo saneamento e energia, materiais básicos e dividendos, entregaram retornos expressivos, enquanto segmentos como consumo e varejo enfrentaram dificuldades significativas”, diz.

Conheça alguns índices da Bolsa
Índice de Materiais Básicos (IMAT): empresas que trabalham com commodities essenciais, como Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e Gerdau (GGBR4). Mais impactados pelo ciclo global de commodities e pela demanda de grandes economias, especialmente a China, um dos principais consumidores desses materiais.
Índice de Dividendos (IDIV): empresas boas pagadoras de dividendos, como Cemig (CMIG4), Banco do Brasil (BBSA3) e Petrobras (PETR4), atrativas para investidores que buscam renda passiva.
Índice de Consumo (ICON): empresas de varejo e consumo, como BRF SA (BRFS3), Assaí (ASAI3) e Lojas Renner (LREN3), sensíveis à renda das famílias, crédito disponível no mercado e a taxa de juros da economia, que impacta diretamente o consumo da população.
Índice Industrial (INDX): empresas do setor industrial, comoEmbraer (EMBR3) e Weg (WEGE3), com performance ligada à produção de bens e serviços por meio da transformação de matérias-primas em produtos acabados, além de investimentos em infraestrutura.

Fonte: Valor Econômico