Uma Frente Pró-Rio
Francis Bogossian
Empresário
Quando o assunto é investimento em obras públicas para o Rio, não está se falando apenas no interesse das empresas construtoras, mas de toda a população do Estado. O metrô é um exemplo. O governo federal financia a construção do metrô em várias capitais brasileiras, entre elas Fortaleza, enquanto o metrô do Rio é o único construído apenas com recursos estaduais. Depois de vários anos de negociação, o governo do Estado do Rio conseguiu obter um financiamento junto ao BNDES para a construção do metrô, mas desde novembro as parcelas não são liberadas, porque há débitos do governo do Estado com a União. Quem é o mais prejudicado? O povo do Rio.
Não é de hoje que a disputa política entre o governo federal, o governo do Estado e a Prefeitura do Rio vêm prejudicando a população. O antagonismo político-partidário entre os representantes dos três poderes reflete-se na falta de investimentos, principalmente na área de obras públicas. Este é um setor que dá votos e por isto a disputa é tão grande. E, com certeza, não é em função da carência de recursos que o governo Federal deixa de investir no Rio. É, essencialmente, por falta de vontade e ações políticas pouco contundentes de nosso parlamentares e do empresariado do Rio, junto ao governo federal. Empréstimos essenciais, já aprovados pelo BID para o saneamento da Baixada de Sepetiba, e a terceira etapa do programa Favela Bairro, por exemplo, não recebem aval do governo Lula. São pleitos que se arrastam há quase três anos, enquanto, em menos de seis meses, foi aprovado um financiamento, também do BID, para a Prefeitura de Nova Iguaçu, administrada por um prefeito do PT.
Estamos às vésperas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, e o Rio não pode perder a oportunidade de projetar o país no cenário mundial por divergências de cunho político.
A escassez de aportes federais para o Rio é gritante. Todos os recursos da Prefeitura estão direcionados para três obras: Estádio Olímpico, Cidade do Samba e Cidade da Música. Mesmo assim, a dificuldade na liberação dos empenhos é uma constante. No âmbito estadual, o saneamento da Barra e a despoluição da Baía da Guanabara continuam apenas na promessa, enquanto crescem os problemas ambientais nas lagoas e praias, também por falta de entrosamento entre os três poderes. A construção do Arco Rodoviário do Rio, que facilitará o acesso ao Porto de Sepetiba, é outro projeto de interesse nacional que está esquecido.
É fundamental e urgentíssima a luta pela formação de uma frente Pró-Rio, congregando nossos parlamentares no Congresso, irmanados com o Executivo, independentemente de partidos e ideologias, no sentido de carrear, para o nosso Estado do Rio e nossos municípios, recursos para investimentos.
Não se trata de bairrismo, a exemplo do que pode estar ocorrendo em outros estados da Federação mas, isto sim, deixarmos de assistir de braços cruzados, que razões políticas deixem o Rio de Janeiro à deriva. Os escândalos políticos, que sacodem o país, são gravíssimos, devem ser apurados, mas não podem paralisar nossa economia. Urge que a bancada Rio se mobilize para que o Rio receba, no mínimo, os recursos federais já programados.
Questões como transporte, saneamento e habitação precisam ser priorizadas nesta frente Pró-Rio, assim como a segurança pública.