Série de licitações no fim do mês inclui projetos de rodovias, saneamento, escolas e loteria
A última semana de outubro vai concentrar uma sequência de leilões de concessões, com licitações na B3 de segunda a sexta-feira. Entre projetos de escolas, rodovias, saneamento e loteria, estão agendadas seis concorrências, com potencial de contratar R$ 24,2 bilhões de investimentos.
O governo de São Paulo responde por quatro das seis disputas. O maior projeto é a concessão rodoviária da Rota Sorocabana, que prevê R$ 8,8 bilhões em obras e deverá ter concorrência na quarta-feira (30). Trata-se de um lote com 460 km de estradas no Sudoeste do Estado, que inclui trechos da atual concessão ViaOeste, da CCR, que chegará ao fim.
A perspectiva no mercado é de competição entre atores de grande porte. “É um ativo ‘brownfield’ [já em operação] testado, relevante em termos de geração de receita”, diz Rafael Vanzella, sócio do Machado Meyer.
Por já controlar a ViaOeste, a CCR é apontada como forte candidata, mas pessoas que acompanham o tema dizem que operadores como Pátria e Ecorodovias também estudam o projeto. A Starboard, que opera trechos do Rodoanel, e a EPR também estão entre os potenciais proponentes.
O governo federal também planeja licitar uma concessão rodoviária na semana – na quinta (31), dia seguinte ao leilão paulista. Trata-se da Rota do Zebu, que inclui o trecho da BR-262 entre Uberaba (MG) e Betim (MG). O investimento soma R$ 4,4 bilhões.
No setor, há expectativa de concorrência de empresas menos tradicionais. Um dos interessados, segundo fontes, é o consórcio Vetor Norte, formado por construtoras médias, que disputou o leilão da BR-040 em Minas Gerias. Outras empresas que analisam o ativo são a 4UM (ex- J.Malucelli) e a EPR, que já tem concessões em Minas Gerais e teria sinergias,
Para Letícia Queiroz, sócia do Queiroz Maluf Advogados, a proximidade de datas não prejudica os leilões. “Apesar da coincidência, os perfis são diferentes. A Sorocabana tende a atrair grupos maiores. Não que a Zebu não interesse a eles, mas é também adequada aos de médio porte. ”
Procurada, a CCR afirmou que analisa oportunidades “com seletividade”. O Pátria e a 4UM não comentaram. A Ecorodovias disse que avalia “de forma seletiva”, os projetos. A Via Appia, da Starboard, diz que “avalia constantemente a participação em novos leilões”. A EPR afirmou que “tem como disciplina avaliar as oportunidades”. A reportagem não conseguiu contato com a Vetor Norte.
”No Estado do Piauí, estamos confiantes de que vai ter proposta” — Samuel Nascimento
Outro grande leilão marcado para quarta-feira (mesmo dia da Rota Sorocabana) é o da concessão de água e esgoto do Piauí, que deverá gerar R$ 8,6 bilhões de investimentos, além de outorga de ao menos R$ 1 bilhão. O projeto abarca os 224 municípios do Estado, mas três deles, que já têm concessões em curso, só entrariam após o fim dos contratos: a capital Teresina (da Aegea), Landri Sales e Antonio Almeida.
Esta é a segunda tentativa do governo de fazer o leilão. A primeira, em agosto, foi cancelada por falta de ofertas. À época, a principal queixa das empresas era a exigência de que a outorga fosse paga de uma só vez, antes da assinatura. No novo edital, o desembolso foi parcelado.
Agora, o governo tem expectativa de que o leilão seja bem-sucedido. “Estamos confiantes de que vai aparecer alguma proposta. O único pedido foi o parcelamento da outorga e isso foi atendido”, disse Samuel Nascimento, secretário de Administração do Piauí.
Segundo ele, Aegea e Iguá estudam o projeto. A Equatorial, que controla a distribuidora de energia do Estado, também teve conversas, mas não sinalizou se entrará. Procurada, a Aegea diz que “monitora as novas oportunidades”, que “são analisadas caso a caso”. Iguá disse que “avalia constantemente novas oportunidades”. A Equatorial não comentou.
No mercado também se espera que desta vez haverá ofertas. “Há competitividade grande nos leilões de saneamento, o setor segue aquecido. E os ajustes no edital melhoram o risco, então deve ter interesse”, diz Fernando Vernalha, do Vernalha Pereira Advogados.
Fonte: Valor Econômico