São Cristóvão volta a fazer história. O antigo “bairro imperial”, que abrigou a residência da família real portuguesa a partir de 1808, foi escolhido para receber o programa piloto de desenvolvimento de um modelo de enfrentamento das mudanças climáticas que será replicado em toda a cidade. Um estudo coordenado pela Urban Climate, da Universidade de Columbia, em Nova York – que reúne 1,2 mil especialistas de diversas áreas presentes em mais de 150 cidades – desde março acontece por lá a fim de testar soluções para problemas do Rio. Um primeiro diagnóstico deve ser fechado em três meses.
“O plano alia conhecimento científico com gestão urbana. O diagnóstico vai indicar, por exemplo, as intervenções necessárias para reduzir riscos de enchentes e medidas para minimizar problemas do microclima, como as ilhas de calor”, explicou ao jornal O Globo a professora Fernanda Lemos, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-RJ, coordenadora da Urban Climate para a América Latina. “Outra questão do plano será estabelecer padrões para a implantação de redes de saneamento e drenagem compatíveis com a ocupação dos locais”, acrescentou outra coordenadora da rede, Andrea Santos, professora da Coppe/UFRJ, citando soluções que poderão ser implantadas. Entre elas, técnicas que amenizam o calor, como o uso de materiais específicos nas edificações e a adoção de cores claras, assim como de bambu para ajudar no sombreamento das áreas externas de imóveis.
Um dos motivos para o programa piloto de enfrentamento de mudanças climáticas na cidade ser em São Cristóvão é que o bairro está prestes a passar por um processo de revitalização, o que exigirá a revisão de sua infraestrutura para a chegada de novos moradores. No fim do ano passado, o bairro foi incluído no Programa Porto Maravilha, da prefeitura do Rio, feito em parceria com a Caixa Econômica Federal. Um dos projetos previstos para a região é a revitalização do entorno da Estação da Leopoldina, com investimentos como a construção de prédios no programa Minha Casa Minha Vida. E ainda este ano, os especialistas devem se debruçar em outras regiões. Duas já foram escolhidas: os complexos da Maré e do Alemão. Guaratiba deve ser a terceira, pois a região tem registrado as maiores sensações térmicas da cidade. Em 17 de março, a sensação térmica por lá chegou ao recorde de 62,3ºC.
Por essa e por outras, a questão climática anda quentíssima no Rio. Não por acaso, a Universidade de Columbia, sediada em Nova York, por meio do Columbia Global Centers Rio e do Climate Hub Rio – seu centro de estudos dedicado ao clima localizado no Rio de Janeiro – vai realizar no dia 25 de abril uma sessão informativa sobre o Mestrado em Gestão de Sustentabilidade. O Columbia Global Centers Rio desempenha um papel crucial na promoção do conhecimento e na formação de líderes capazes de enfrentar desafios globais, como a gestão sustentável.
Fonte: Veja