Rio: 245 km de vias expressas até 2016
Francis Bogossian(*)
A Lei nº 12.587/12, com as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, já está em vigor e prioriza o uso de veículos não motorizados e o transporte público. A proposta é o caminho para cidades sustentáveis. Mas, se de um lado o governo quer estimular o transporte de massa, de outro incentiva a venda de automóveis e a construção de novas fábricas no País.
Apesar das contradições, o Rio de Janeiro vem buscando se beneficiar dessa nova política e obteve vários financiamentos para promover uma grande mudança no seu sistema de transporte urbano. Com estas ações, espera-se uma melhora no trânsito que hoje está insuportável.
O metrô no Rio, depois de mais de 30 anos, tem apenas 41 km e duas linhas. Agora vai ganhar mais 16 km com a Linha 4, entre a Barra da Tijuca e Ipanema.
O principal meio de transporte da cidade do Rio de Janeiro continuará a ser o ônibus, mas com um novo formato: o BTR (Bus Rapid Transit). Com custo bastante inferior ao do metrô e do trem, o BRT circula em corredores exclusivos, seguindo o modelo de Curitiba. Será um avanço na mobilidade do carioca quando os quatro corredores estiverem concluídos em 2016. Duas vias já estão em operação.
O BRT Transoeste (63 km e 57 estações), que liga os bairros de Santa Cruz/Campo Grande à Barra da Tijuca e o BRT Transcarioca (39 km e 47 estações), que vai do Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra da Tijuca e tem conexões com o metrô e a Supervia. Os outros dois corredores são o BRT Transolímpico (26 km e 18 estações), já em construção, de Deodoro à Barra da Tijuca, e o BRT Transbrasil (32 km e 28 estações), em fase de licitação, que será implantado ao longo da Av. Brasil, entre Deodoro e o Centro da cidade. Estão previstas também seis linhas de bondes VLT (Veículos Leves sobre Trilhos), com 28 km de vias, 42 paradas e quatro estações.
Ao todo, com metrô, BRT e VLT, o Rio de Janeiro contará com 245 km de vias expressas em 2016 que beneficiarão todas as regiões. Espera-se uma transformação completa no sistema de mobilidade da cidade.
Ainda na Região Metropolitana, os trens urbanos começaram a ser modernizados com a concessão dos serviços ferroviários para a Supervia. A rede tem 270 km, 99 estações e abrange 12 municípios do Grande Rio. Mas não é um processo rápido face às inúmeras invasões de terras nas margens da ferrovia e também ao prazo de substituição dos antigos trens por novos comprados na China. O Brasil não tem fábrica de trens.
O maior diferencial no estado foi, no entanto, o Arco Metropolitano (RJ-109), inaugurado no início de julho, que cruza o Rio de Janeiro da BR-101 Norte até a BR-101 Sul, passando pela BR-040 (RJ/MG) e BR-116 (RJ/SP).
O novo desafio cobre a mobilidade urbana dos 65 municípios fluminenses com mais de 20 mil habitantes que tem prazo até abril de 2015 para entregar os projetos ao Ministério Cidades. Planos individuais dificilmente resolverão o problema, principalmente pela deficiência de equipes técnicas nas esferas municipais. O mais eficaz seria um plano estadual para efetivamente reduzir os quilômetros de engarrafamento que se vêem todos os dias, não apenas na capital, mas também nas cidades de menor porte.
(*) Francis Bogossian é o presidente do Clube de Engenharia e do Conselho Consultivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)