Fonte: Diário do Rio
18/03/2025
O berçário ecológico implantado no Caju pela Águas do Rio e o biólogo Mario Moscatelli completa um ano, com sinais de recuperação da fauna e remoção de 150 toneladas de lixo.
A capivara, antes raramente vista no mangue do Caju, na Zona Portuária do Rio, agora aparece em grupos. Aves típicas dos manguezais e caranguejos das espécies Uçá e Guaiamum também retornam ao habitat. Esses são alguns dos sinais de recuperação da fauna no berçário ecológico implantado há um ano no entorno da Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, a maior do estado. O projeto, desenvolvido pela Águas do Rio em parceria com o biólogo Mario Moscatelli, já resultou na remoção de 150 toneladas de lixo e na transformação de uma área degradada em cinturão verde.
A iniciativa faz parte de um esforço maior para a revitalização do manguezal, com o objetivo de recuperar 8,2 hectares de área degradada, o equivalente a oito campos de futebol do Maracanã. Até agora, 4 mil mudas de mangue-vermelho foram plantadas em 5 mil metros quadrados. No total, serão 135 mil mudas introduzidas gradualmente no local.
“Estamos unindo a engenharia cinza com a engenharia verde, acelerando a recuperação de um ecossistema vital que sustenta a fauna marinha e beneficia as comunidades que dependem da pesca”, afirma Caroline Lopes, gerente de Meio Ambiente da Águas do Rio.
Recuperação ambiental e impactos positivos
A restauração do Mangue Alegria integra o compromisso da Águas do Rio com a recuperação da Baía de Guanabara. Até 2033, a concessionária investirá R$ 19 bilhões em saneamento básico, impedindo que 1,3 bilhão de litros de esgoto sejam despejados diariamente no ecossistema. Nos últimos três anos, R$ 4 bilhões já foram aplicados na região.
Manguezal: um ecossistema essencial
Os manguezais desempenham um papel fundamental na purificação da água, atuando como filtros naturais para metais pesados e esgoto. Além disso, armazenam quatro vezes mais carbono do que qualquer outra floresta, ajudando a reduzir os efeitos das mudanças climáticas.
“Os manguezais são reservatórios naturais de carbono e protegem a costa contra o aumento do nível do mar. Além disso, desempenham um papel crucial na manutenção da biodiversidade”, explica Mario Moscatelli.
Segundo o biólogo, o Mangue Alegria, antes considerado um lixão, já mostra sinais visíveis de recuperação. “A fauna está voltando, e a biodiversidade continuará se expandindo. Em quatro anos, teremos florestas de até cinco metros de altura onde antes só havia lixo”, afirma.
Projeto Mangue Alegria
Desde 2023, o projeto começou com a instalação de um canteiro de mudas nativas, enquanto a área era preparada. O local passou por um processo de remoção de resíduos para dar espaço ao novo ecossistema.
Para Moscatelli, a transformação comprova que mesmo ambientes altamente degradados podem ser restaurados. “Já vemos a vegetação se multiplicando naturalmente. Quando fazemos nossa parte, a natureza responde”, conclui.