Petrobras vai construir a sua maior refinaria
A Petrobras vai construir refinaria, que será a maior do País, informou ontem o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. A nova unidade, cuja entrada em operação está prevista para 2014, terá capacidade para processar 500 mil barris por dia, e suplantará a Refinaria do Planalto Paulista (Replan), que processa 360 mil barris/dia. Os estudos do empreendimento encontram-se em fase preliminar, e segundo Costa, não há previsão acerca da localização do projeto e dos investimentos estimados.
O executivo admitiu, no entanto, que a refinaria possivelmente ficará no litoral, para que o transporte dos derivados ali produzidos seja feito em grande parte pelo mar. Fontes do setor de petróleo estimam que refinaria deste porte custará pelo menos US$ 5 bilhões.
“Decidimos pela construção de mais uma refinaria principalmente em função do crescimento de nossa produção. O refino anda em paralelo com a produção. Portanto, se aumentamos significativamente a produção, como estamos fazendo, temos que aumentar o refino”, justificou.
Costa disse que a Petrobras pretende fazer a refinaria sem parceiros comerciais. “Temos recursos”, completou.
Produção será voltada para o consumo doméstico
A produção da nova refinaria será voltada para o mercado interno, com grandes possibilidades de parte dela ser exportada. Caso isto realmente aconteça, disse Costa, o maior percentual dos derivados ali produzidos abastecerá o mercado interno. A refinaria terá capacidade para processar tanto óleo leve quanto óleo pesado.
“A prioridade da Petrobras é produzir e processar óleo no Brasil. O primeiro objetivo é atender o mercado interno. Quanto ao tipo de óleo que será utilizado, será adequado em função da quantidade de petróleo leve e pesado que teremos”, destacou.
Ele explicou que a construção dessa unidade não significa que a Petrobras tenha deixado de pensar em partir para aquisições de novas refinarias no exterior. O executivo lembrou que o ideal seria construir diversas refinarias até 2015, mas que não há condições de isso ser feito de uma vez, ressaltou. O que não puder ser processado no Brasil, será feito no exterior.
Costa classificou a refinaria como premium, em função, explicou, da alta capacidade tecnológica que a unidade terá, processando combustíveis de alta qualidade, com menor teor de enxofre a alta octanagem.
Embora todas as 11 refinarias atuais da Petrobras venham se modernizando para produzir combustíveis menos poluentes e de melhor performance, a nova refinaria ficará ainda em um patamar acima dessas unidades.
“Essa refinaria premium poderá produzir diesel e gasolina com teor de enxofre abaixo dos 50 ppm (partes por milhão), que é o que será exigido no Brasil a partir de 2010. Nossa refinarias atuais terão tecnologia para fazer combustíveis com 50 ppm”, observou.
O aumento da demanda por derivados até 2014 influenciou na decisão da Petrobras em construir mais uma refinaria. A empresa projeta, baseado em estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% ao ano, que o mercado interno cresça 3,1% em média até a metade da próxima década.
Pequena parte dos recursos da desta refinaria já está alocada no Plano de Negócios 2007-2011. Mas segundo Costa, a obra só deverá ser iniciada em 2010. A expectativa do diretor é de que os estudos relativos a essa unidade sejam concluídos entre um ano e meio a dois anos.
O Plano de Negócios atualizado prevê que a parte de refino da estatal receberá recursos de US$ 14,2 bilhões entre 2007 e 2011.
Com a decisão de construir mais uma unidade de refino, a Petrobras vai adicionar, até 2014, 750 mil barris de óleo/dia à capacidade de processamento do País. Outros dois grandes projetos já haviam sido definidos pela empresa.
O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), além da geração de insumos petroquímicos, refinará até 150mil barris/dia. Já a Refinaria Abreu de Lima será erguida em Pernambuco, junto ao Porto de Suape, e processará 200 mil barris/dia. Neste caso, a Petrobras vai dividir a produção com a estatal venezuelana PDVSA, que é sua sócia no projeto.
Victer oferece incentivos para nova Reduc
A expansão da indústria, principalmente do Pólo Gás-químico, na área próxima à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), viabiliza em até 80% a expansão da unidade de refino fluminense. É o que diz o secretário estadual de Energia, da Indústria Naval e do Petróleo, Wagner Victer, que ofereceu incentivos fiscais e empenho para agilizar o processo de licenciamento ambiental para uma possível expansão da unidade de refino, ao diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
“Proponho esse desafio à Petrobras. Existe a possibilidade de ampliação, que resultaria em praticamente nova Reduc”, declarou, antes de o diretor da Petrobras realizar palestra na
Associação das Empresa de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)
O executivo, no entanto, afirmou que a estatal tem, por enquanto, planos de modernizar e inaugurar novas unidades de tratamento de óleo na Reduc, um investimento que chega de US$ 1,2 bilhão para o período entre 2007 e 2011.
“Esse investimento vai propiciar, principalmente, melhoria na qualidade do diesel e da gasolina produzidos ali”, destacou Costa.
Está previsto para a Reduc uma nova unidade de coque, a ser inaugurada no ano que vem, que receberá investimentos de US$ 307 milhões. Em 2009, uma nova unidade de hidrotratamento (HDT) de gasolina entra em operação, com investimentos de US$ 175 milhões.
Dois anos depois, uma nova HDT de diesel, que receberá recursos de US$ 246 milhões. Por último, uma nova unidade de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC) terá investimentos de US$ 357 milhões, passando a funcionar em 2013.