Os entraves para a sustentabilidade
Paulo Kendi T. Massunaga
Em artigo anterior, tratei de um assunto fundamental para nossa sociedade: a importância dos incentivos para que novas empresas se instalem em nosso estado, tendo como consequência o fortalecimento da Economia e a abertura de novas oportunidades.
Como pano de fundo, tivemos a COP 27 nos lembrando da urgência em tratarmos temas como o aquecimento global e o efeito estufa. É cada vez mais esperado que empresas adotem o uso de novas tecnologias e invistam em políticas sustentáveis a fim de reduzir as emissões de gás carbônico. Assim como esperamos que os governos se comprometam com iniciativas que facilitem e incentivem a instalação desses novos modelos e fomentação desse mercado que cada vez mais se consolida no cenário nacional e mundial.
Um recente Projeto de Lei municipal (1.153/2022) chama agora atenção para o tema, propondo incentivos fiscais a fim de que empresas adotem medidas para reduzir emissões de gases do efeito estufa na cidade. A Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ), que compõe parte do setor mais gerador de empregos diretos e indiretos, e cumprindo papel fundamental na execução de contratos de obras públicas, considera a importância da iniciativa e destaca que acompanha de perto os esforços da indústria para desenvolver estratégias e mecanismos a fim de diminuir os impactos de suas atividades no meio ambiente.
A construção civil, como vários outros setores, produz impacto ambiental relacionado ao consumo de energia e emissões de gases de efeito estufa. Conforme relatório do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), o setor é responsável por 39% das emissões de dióxido de carbono no mundo. A tendência é que este quadro mude com a adoção de novas tecnologias, materiais e melhores práticas operacionais.
Estudos recentes apontam que os “investimentos verdes” ajudam na criação de novos postos de trabalho, fomentando mercados locais, além de contribuírem positivamente para a saúde da população aonde são aplicados. Ser sustentável em nosso segmento significa, por exemplo, fazer uso da reciclagem e reuso de resíduos de materiais de construção. É se comprometer com a redução das emissões de gases de efeito estufa.
A AEERJ, inclusive, conta com uma empresa associada que é a pioneira na adoção de práticas sustentáveis no Rio de Janeiro, mas é necessário que outras empresas trilhem nesse caminho. Portanto, existe a necessidade de que os incentivos fiscais, dentre outras medidas, oferecidos pelo poder público, sejam concretamente aplicados e não fiquem apenas no papel.
Isso, aliás, tem sido tema de diversos artigos aqui publicados. Essa burocracia obriga a classe empresária a dedicar praticamente todo o seu tempo de gestão a essas questões, deixando de lado as práticas da atividade fim do setor, que é a engenharia.
Para que possamos chegar ao pleno cuidado com o meio ambiente, as empresas precisam produzir e receber o que foi pactuado, dentro de um ambiente com segurança jurídica, para que saiam desse estado de sucateamento que estão atravessando. Somente dessa maneira poderemos atingir o que todos anseiam com respeito à sustentabilidade.
* Paulo Kendi T. Massunaga é presidente executivo da AEERJ