Centro do Rio revitalização futura e o caos do presente
Paulo Kendi T. Massunaga
De um tempo para cá, temos acompanhado persas cidades do Brasil investindo em grandes projetos de revitalização de suas regiões centrais históricas. No caso do Rio de Janeiro, presenciamos uma grande transformação da região Portuária, além de outras intervenções pontuais.
Ações em regiões normalmente abandonadas e até mesmo degradadas provocam inúmeros benefícios locais, como aquecimento no setor imobiliário e retomada econômica.
O Centro do Rio parece mesmo ser o palco perfeito para todas essas novas intervenções. Berço de uma riqueza artística e cultural, também conta com uma grande oferta de transportes e serviços públicos. O mercado já compreendeu que investimentos na região podem ser muito vantajosos.
A natureza nos presenteou com um grande volume de um produto precioso. Cabe a nós fazer o melhor uso desse bem de forma a extrair do petróleo todo o progresso e desenvolvimento que ele pode trazer
Em julho de 2021 foi aprovada e sancionada na cidade do Rio de Janeiro a lei que institui o Programa Reviver Centro, que tem como objetivo a revitalização não só urbanística, mas também social e econômica da área central da capital do estado. Diversos prédios têm sido alvo de empreendedores que utilizam o retrofit, um processo que revitaliza edifícios antigos sem comprometer sua memória e a arquitetura externa original. O retrofit é um grande aliado na valorização de imóveis abandonados ou com pendências judiciais. Uma vantagem oferecida por prefeituras aos investidores são os descontos no IPTU por meio de leis de incentivos, a fim de que invistam na recuperação e requalificação de antigos prédios em novos empreendimentos comerciais – e até mesmo residenciais.
A Associação das Empresas de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro (AEERJ) apoia a revitalização de imóveis e a consequente transformação de áreas históricas dos grandes centros, principalmente do Rio de Janeiro, que já conta com uma estrutura estabelecida e que pode ser reaproveitada. Mas mais do que isso: apoia a ideia de voltar a fazer do Centro do Rio uma área útil e bem cuidada, digna de se trabalhar e residir na região, com o glamour da época em que era a cidade sede da República.
Por outro lado, entendemos que até que tudo aconteça e se torne realidade, providências urgentes devem ser tomadas por parte da administração pública municipal. Atualmente o centro do Rio encontra-se em completo abandono, em condições que só contribuem negativamente para quem transita pela cidade, seja o cidadão carioca para trabalhar ou o turista que visita a cidade.
Hoje, inúmeras quadras do centro são um verdadeiro esgoto a céu aberto. A falta de limpeza de ruas e calçadas são um incômodo aos transeuntes. O mau cheiro que se sente ao caminhar pelas calçadas de inúmeras ruas é insuportável, e pedestres precisam fazer vários desvios para não pisarem em dejetos espalhados pelo chão. Podemos citar como exemplo, a lateral do Teatro Municipal que fica voltada para a Avenida Rio Branco. Quem transita por lá sabe bem do que estamos falando.
Entendemos que a questão da população de rua é um problema social, mundial, mas alguma medida deve ser tomada urgentemente pois, como diz o ditado popular, “a primeira impressão é a que fica”, e quem vem ao centro do Rio pela primeira vez, acreditamos que não queira mais voltar.
* Paulo Kendi T. Massunaga é presidente executivo da AEERJ