Esperança por projetos Estruturantes e de Estado e não de governo
Paulo Kendi T. Massunaga
A notícia de que a construção civil gerou 251.445 novos postos de trabalho com carteira assinada no Brasil de janeiro a agosto de 2022 foi muito importante para o setor. Trata-se do maior número de vagas para o mesmo período, desde 2012. No Rio de Janeiro, também assistimos a expansão de empregos. São 27.788 oportunidades criadas desde o começo do ano. Em 2021, o número estacionou em 14.077. Observamos um aumento de 97,4%, somente nos oito primeiros meses, contra todo ano de 2021.
Os dados são do Caged e foram divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Um outro ponto de destaque é que a construção civil foi responsável pela contratação de 6% do total de trabalhadores formais. De janeiro a agosto deste ano foi registrado a criação de 13,57% das novas vagas. Estes números estão auxiliando a Economia do país que registrou a maior queda da taxa do desemprego em um ano entre 40 países, de acordo com a agência de classificação de risco Austin Rating. Em agosto de 2021, foi registrada a taxa de desemprego de 13,1% e neste ano, ficou em 8,9%. É a menor apurada desde julho de 2015, segundo o IBGE.
Voltando ao Rio de Janeiro, a construção civil sofreu os impactos da pandemia, como muitos outros setores. Em 2020 fechou com saldo negativo de quase nove mil vagas. Neste ano chegaremos facilmente a mais de 30 mil novas frentes de trabalho. Somente no mês de agosto, foram criadas 5.224 vagas.
Mas é preciso mais do que isso para que nosso setor possa se recuperar da degradação sofrida nas últimas décadas. Um grande número de empresas tradicionais da construção civil encerrou suas atividades por diversos motivos, mas principalmente em razão das dificuldades de ajuste de preço dos contratos, dentre outros grandes problemas já abordados em artigos anteriores.
O governo do estado, eleito no primeiro turno, tem anunciado inúmeras obras de grande vulto para início imediato. Esperamos que tais empreendimentos, quando licitados, sejam precedidos das devidas e necessárias audiências públicas – que sejam projetos estruturantes e de Estado e não de governo. Temos a expectativa que os projetos executivos sejam de qualidade, permitindo que as licitantes realizem orçamentos adequados e que as desapropriações e as licenças ambientais estejam integralmente resolvidas antes da assinatura do contrato para não engrossar o volume de obras paralisadas por essas questões.
Os orçamentos devem ser elaborados rigorosamente com a melhor técnica, subscritos pelos profissionais que os executaram, devidamente identificados e com as Anotações de Responsabilidade Técnicas exigidas pela legislação. Por fim, que as exigências sejam compatíveis com os objetos licitados e que todos os atos desde a publicação do edital até a aceitação da obra tenham total transparência.
A AEERJ e suas associadas esperam apenas que todo o processo de licitação e execução dos contratos sejam realizados dentro da legislação vigente. Também desejamos que as notícias continuem sendo positivas, demonstrando o crescimento contínuo da construção civil no Rio de Janeiro e o pleno desenvolvimento da execução das obras, para que não mais ocorram manchetes que venham contribuir negativamente com a imagem do setor.
* Paulo Kendi T. Massunaga é presidente executivo da AEERJ