Orgulho de ser empreiteiro
Nos últimos anos, alguns acontecimentos contribuíram para que as empresas de engenharia fossem vistas pela sociedade como únicas vilãs de fatos que tomaram conta da mídia nacional e internacional, a ponto de alguns empresários e executivos do setor hesitarem de se apresentar como empreiteiros.
A AEERJ tem como bandeira a integridade e cada vez mais conscientiza e amplia a adesão das empresas do setor, tendo implantado e mantido seu código de ética, conduta e compliance. Como associada do Instituto Ethos, mantém um canal de denúncia para ser comunicada de qualquer irregularidade no setor. Dito isso, hoje temos que reconhecer que em épocas passadas, num outro momento em que os negócios tinham suas vertentes próprias, período nebuloso de nossa história, houve desvio de conduta nos diversos setores de nossa sociedade. No entanto, o remédio aplicado, sem um estudo da dosimetria correta e do custo versus benefícios para a sociedade, está matando o paciente, consequentemente diminuindo empregos e enfraquecendo a engenharia nacional. Em episódios ocorridos com duas grandes multinacionais em outros países, todas as medidas judiciais foram tomadas, levando os responsáveis a responderem pelos seus atos. As empresas foram inteiramente preservadas, bem diferente do que ocorreu por aqui.
A grande maioria dos empresários do setor são pessoas íntegras, empreendedores, apaixonados pelo que fazem. Trabalham horas a fio, sábados e domingos, renunciando, muitas vezes, ao convívio familiar, sem pensarem em qualquer recompensa. Quando o negócio vai mal ninguém fica sabendo. Quando lucram e crescem são taxados de gananciosos.
É comum ouvir que as empreiteiras só querem ganhar dinheiro, o que não é verdade. As empresas de engenharia, evidentemente, visam lucro como qualquer outra atividade econômica no mundo, porém, muitas lutam com grandes dificuldades e nem sempre após a conclusão de uma empreitada conseguem a margem de resultado esperado. Também não é raro ter um resultado negativo em alguns contratos, principalmente nos tempos atuais em que o ente público nem sempre respeita o que foi legalmente pactuado.
Ter lucro é um dos objetivos de qualquer atividade econômica. É preciso ter resultados positivos para que se melhore a remuneração dos colaboradores, invista em novas tecnologias, treinamento de pessoal, manutenção e ampliação de equipamentos. No entanto, o que se vê atualmente é o sucateamento e a insolvências de muitas companhias do setor de obras públicas, principalmente no Rio de Janeiro, onde se criam normas prejudiciais às contratadas, estimulando outras administrações nesse sentido.
É preciso que se tenha em mente que não há país que evolua sem uma engenharia forte e modernizada. Não basta fazer uma obra com qualidade e solidez, atualmente precisa ter sustentabilidade e tantas outras inovações para que se alcance o padrão que se impõe no momento.
Não temos tido, por parte de alguns contratantes, a contrapartida necessária para uma razoável evolução dos contratos. Não temos transparência em todos os atos da administração, não há respeito aos contratos e a devida segurança jurídica. Os projetos continuam sendo de governo e não de Estado, e ainda assim seguimos firmes em nosso propósito, com a perspectiva de mudanças.
Dentre tantas dificuldades enfrentadas pelo setor, temos, ainda, o emaranhado das legislações tributárias que desprende grande energia dos empresários e tiram o foco das empresas de sua verdadeira atividade fim. Ainda assim, são as empreiteiras as grandes responsáveis pelo recolhimento de enormes cifras em impostos, pela geração de um considerável percentual de empregos diretos e indiretos, além de executarem as maiores e as mais complexas obras de engenharia não só no Brasil, como também no exterior.
Somente aqui em nossa cidade, podemos citar grandes obras da engenharia nacional: a ponte Rio-Niterói, o Túnel Rebouças, a Avenida Niemeyer, o elevado Paulo de Frontin, o Maracanã, a Linha Vermelha, a Linha Amarela, do metrô e o VLT. Também temos pontes, viadutos, túneis, portos e aeroportos, estradas, hospitais, escolas, centros esportivos, redes e tratamento de água e esgoto, dragagens, urbanização de bairros e comunidades e, recentemente, as obras das Olimpíadas executadas em tempo recorde por nossas empresas. Todas obras feitas com o suor dos empresários e seus colaboradores, que lutam incansavelmente contra todas as adversidades a eles impostas, para o crescimento do país.
A AEERJ se solidariza com todas as empresas de engenharia, sobretudo as que se dedicam às obras públicas, tão açoitadas nos últimos anos e que ao contrário do que vem ocorrendo, devem ser vistas como baluartes desse país. Portanto, sempre teremos orgulho de ser empreiteiros.
* Paulo Kendi T. Massunaga é presidente executivo da AEERJ