BNDES pretende liberar até R$ 30 bilhões para financiar concessões rodoviárias ao longo de 2025
O anúncio de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê a liberação de até R$ 30 bilhões para financiar concessões rodoviárias neste ano reflete a estratégia do Estado de equilibrar seu papel como agente indutor do desenvolvimento com a necessidade de descentralizar a gestão da infraestrutura viária. Ao mesmo tempo em que impulsiona investimentos para modernizar, expandir e melhorar a malha rodoviária, o governo reforça a intenção de transferir responsabilidades operacionais ao setor privado.
A estimativa do valor a ser financiado é da diretora de infraestrutura, transição energética e mudança climática do banco, Luciana Costa. Segundo a executiva, em 2024 o BNDES teve um ano recorde de aprovação, com R$ 23,5 bilhões de crédito para o setor rodoviário. Ela atribui esse resultado aos mecanismos implementados pelo Ministério dos Transportes para destravar investimentos na malha viária. Muitas rodovias necessitavam de extensão do prazo de concessão, reequilíbrio tarifário e novos aportes para modernização e expansão.
A sinalização do governo pode trazer fôlego financeiro a alguns grupos para suportar investimentos nos futuros leilões. A Ecorodovias, por exemplo, está em busca de sócios para alguns de seus ativos para manter o ritmo nos leilões de rodovias e honrar compromissos bilionários de investimento. A procura por um investidor tem como pano de fundo um mercado de capitais mais restrito, com mais dificuldades para uma oferta subsequente para levantar capital.
A expectativa é que novas concessões continuem a ocorrer. Para além das privatizações em estudo pelo governo de Minas Gerais, a União planeja fazer dez leilões de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) neste ano.
A proliferação de leilões de rodovias no Brasil gerou uma onda de novos investidores no setor, com a entrada de grupos como a 4UM (antiga J.Malucelli), a plataforma formada por Kinea e grupo Way e a Azevedo e Travassos. O cenário agora é outro, ante a alta de juros e a forte oscilação do câmbio, fatores que têm demandado revisão dos projetos de concessão rodoviária no país.
A executiva do BNDES avalia que o modelo de financiamento adotado para a rodovia Presidente Dutra (Via Dutra), trecho da BR-116 que conecta São Paulo ao Rio de Janeiro, trouxe inovações importantes. Outro destaque foi a divulgação de uma carta aos investidores, elaborada a pedido do Ministério dos Transportes, que antecipou as condições de financiamento para a futura concessionária da BR-381, em Minas Gerais. Essa estratégia contribuiu para o êxito do leilão, que havia fracassado em três tentativas anteriores desde 2012.
Fonte: Valor Econômico