Não é só no Brasil: acesso de empresas a microcrédito é dificuldade global, diz estudo

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Uma pesquisa realizada com empresas de mais de 150 países encontrou que o desafio mais significativo que estas enfrentam nas suas operações é o acesso a financiamento. De acordo com outros estudos, essa barreira é ainda mais significativa para pequenas e médias empresas (PME). O estudo “Evidências sobre políticas de mercado de trabalho e implicações para o Brasil: Microcrédito” foi produzido pela JOI Brasil, iniciativa da J-PAL, organização fundada por Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer, vencedores do Prêmio Nobel de Economia de 2019, que tem a missão de combater a pobreza global por meio de políticas públicas baseadas em evidências sólidas.

O relatório apontou que quase 140 milhões de pessoas foram beneficiadas pelo microcrédito em 2018. O relatório também mostrou que a América Latina e Caribe (ALC) é um importante mercado global de microcrédito. No ano estudo, a região tinha uma carteira no valor de 48,3 bilhões de dólares, que constituía 44% do volume total mundial. Este valor estava distribuído entre mais de 22,2 milhões de clientes, conforme registro de 248 instituições financeiras ativas na região.

Apesar da popularidade dos programas de microcrédito, estudos em países de renda baixa e média indicam que o microcrédito não resultou em impactos transformadores na renda e no consumo de seus beneficiários, nem viabilizou investimentos de alto retorno de forma consistente. Por outro lado, os programas de microcrédito têm sido eficazes no aumento dos lucros e na formação de novos negócios em alguns contextos específicos e quando ligados a determinadas características.

Outro destaque do estudo é que os programas de microcrédito tendem a ser mais eficazes quando direcionados a indivíduos com maior experiência empresarial. Uma revisão de literatura concluiu que o microcrédito não teve impacto significativo nos lucros das famílias que não possuíam experiência empresarial. Em contraste, as famílias com experiência prévia em empreendedorismo eram mais propensas a ver impactos positivos.

Alguns programas de microcrédito impõem condições de reembolso rigorosas aos seus clientes. Estudos já descobriram que a introdução de uma maior flexibilidade nestes produtos pode levar a resultados positivos no desempenho dos negócios. Na Índia e em Bangladesh, foi apontado que dar aos clientes um período de carência de dois meses antes de começarem a pagar os seus empréstimos permitiu-lhes investir mais nos seus negócios, aumentando o lucro dos seus empreendimentos e o rendimento dos tomadores de empréstimo após três anos.

Fonte: O Globo