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Folha Dirigida – Sábado, 15 de Outubro de 2005 – 15/10/2005
Muito além do diploma profissional
Francis Bogossian afirma que jovens precisam ter consciência das
transformações do mercado de trabalho no país que, cada vez mais, exige
maior grau de escolaridade, além da preocupação renovada com a prática
da formação continuada e o aperfeiçoamento profissional
ARTIGO
Francis Bogossian é engenheiro, integrante da Academia Brasileira de
Educação (ABE) e Academia Nacional de Engenharia (ANE), além de
presidente do IBCP e da Associação das Empresas de Engenharia do Rio
de Janeiro (Aeerj)
Francis Bogossian
“De 30 anos para cá, a demanda por cursos superiores fez crescer,
significativamente, o número de universidades e faculdades privadas e,
portanto, de profissionais por elas graduados.
As instituições públicas de ensino fundamental e médio, sejam
federais, estaduais ou municipais, vêm, no mesmo período, se
deteriorando a olhos vistos e prejudicando o acesso de seus alunos às
universidades públicas. Os sistemas de cotas, em que pese o caráter de
resgate socioracial, trazem péssimas perspectivas para um ensino de
qualidade, com tendências a fazer despencar os níveis de excelência
das instituições públicas de terceiro grau que ainda os detêm.
Já não há seleção com exigibilidade de formação básica comprovada para
acesso ao ensino superior privado. Aceitam-se “clientes’’ pagantes,
como em qualquer comércio, com a finalidade de vender cursos a preços
competitivos.
Sou de um tempo em que os professores primários (nível 2º grau) eram
reverenciados e respeitados pela cultura e instrução. E mereciam, pois
para cursar e diplomar-se pelas escolas normais eram exigidos
conhecimentos múltiplos. É hoje comum deparar-se com diplomados por
faculdades e universidades que falam e escrevem mal, além de terem
deficiências de raciocínio matemático e ausência de qualquer formação
humanística. São produtos de um sistema heterogêneo de cursos
superiores que, semestralmente, despeja no mercado “profissionais’’
sem a necessária qualificação.
Em moldes semelhantes aos que já pratica a OAB, com o exame da Ordem
que transforma bacharéis em advogados, as residências médicas são
necessárias para a qualificação profissional e constituem saudável
proteção à nossa saúde. Mesmo assim, médicos e advogados com sérios
problemas de formação não são raridades no nosso imenso Brasil.
Sob alegações de erros passados, de cunho político, econômico e
social, diversas necessidades básicas do povo ainda não são atendidas
pelo poder público. O ensino e a formação educacional precisam,
entretanto, ser excepcionalmente tratados com urgência e perseverança.
Além de reformular e adequar, “para ontem’’, a educação fundamental,
nossos cursos superiores precisam ser capacitados para a geração de
profissionais plenos em suas funções.
Nos níveis de heterogeneidade acadêmica a que chegamos, não há saída
que não seja partir para a exigência da Certificação Profissional,
como já é corriqueiro no Primeiro Mundo. Os graduados em cursos
superiores, no Brasil, deverão também, dentro em breve, submeter-se a
avaliações e, se não estiverem aptos ao desempenho de suas funções,
obrigados a complementar os estudos e prestar novos exames. As
instituições de ensino superior terão de vencer suas deficiências.
O “simples’’, e muitas vezes arduamente suado, diploma de curso
superior será brevemente apenas uma porta entreaberta para os
graduados. Cada profissão, para ser exercida em sua plenitude,
necessitará da Certificação Profissional, ou seja, de uma comprovação
individualizada da qualificação específica.
Os conselhos e ordens, que regulamentam as diversas profissões, e que
ainda não aderiram, precisam fugir de um pseudocorporativismo. Se não
agirem espontânea e rapidamente para cumprir este papel, que lhes
cabe, serão, em breve, surpreendidos por uma medida legal do governo.
Isso se Deus quiser! E oxalá Ele queira!”
“Os
graduados em cursos superiores, no Brasil, deverão também, dentro em
breve, submeter-se a avaliações e, se não estiverem aptos ao
desempenho de suas funções, obrigados a complementar os estudos e
prestar novos exames. As
instituições de ensino superior terão de vencer suas deficiências”
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