Metrô preterido
Metrô preterido
Francis Bogossian, presidente da AEERJ-Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro vem sendo preterido peLo Governo federal desde a transferência da capital para Brasília. A cada governo, as esperanças se renovam: desta vez será diferente! Mas não é. O Rio contribui com mais de 15% da arrecadação federal e recebe menos de 4% dos investimentos destinados aos estados.
Um exemplo da discriminação é o metrô. Indispensável para o Rio, não consegue se expandir. Vários trechos já foram licitados, mas não há recursos para a construção. A Linha 1, até a Praça General Osório; Linha 4, ligando Botafogo à Barra da Tijuca; a Linha 3, entre Niterói e São Gonçalo; a conclusão da Linha 2, no trecho Estácio-Carioca, são a alguns projetos que não saem do papel, embora sejam essenciais para reduzir o tempo que os trabalhadores levam entre a casa e o trabalho.
A expansão da Linha 1 do Metrô só foi possível porque o Governo do estado levantou um empréstimo no BNDES. E, mesmo assim, a liberação dos recursos não vem sendo fácil. O financiamento para a construção do trecho Siqueira Campos-Cantagalo levou quase um ano para ser liberado.
Isso só acontece no Rio de Janeiro. Nas outras capitais, onde o metrô está sendo construído, os recursos vêm do orçamento da União e são aplicados à fundo perdido, sem necessidade de o Governo do estado desembolsar um tostão.
Desde 2003, todos os anos, no orçamento da União, estão programados R$ 60 milhões para dar início à construção da Linha 3. Até agora, não saiu um centavo. No passado, o Governo federal liberou mais de R$ 400 milhões para obras em rnetrôs e sistemas de trens urbanos de Recife, Salvador, Fortaleza, Manaus e Belo Horizonte, mas nada para o Rio. A população de São Gonçalo vai continuar sem um meio de transporte eficiente para trabalhar. Cerca de 80% da população de São Gonçalo trabalha no Rio.