Por Gabriel Mazim,
Pensador e futurologista do morar, ele foi um dos palestrantes da ES Construção Brasil, feira do setor da construção no Estado, que acontece até sexta-feira
Imóveis são parte do cotidiano de boa parte da população, no Brasil e no mundo. Muitos começam e terminam o dia, trabalham, se divertem e realizam muitas outras atividades dentro de um imóvel.
Por isso, para o pensador e futurologista do morar Marcus Araujo, é importante que os setores ligados à construção e ao mercado imobiliário ofereçam em conjunto soluções que tenham em mente o bem-estar dos moradores e as tendências de mercado que acompanham as mudanças na sociedade.
CEO da Datastore (um agregador de informação, dados e conhecimento para o mercado brasileiro de imóveis), Araujo é referência em negócios imobiliários no Brasil e já publicou livros que são conhecidos no setor. Juntos, os três títulos do autor já venderam cerca de 100 mil exemplares: “Meu Imóvel, Meu Mundo”, “Meu Imóvel, Meu Mundo – Kids” e “Mentes Saudáveis, Lares Felizes”, este último, escrito em co-autoria com Augusto Cury.
O “mago imobiliário” abriu o palco das principais palestras que aconteceram no primeiro dia da ES Construção Brasil, que vai até sexta-feira (19) no Pavilhão de Carapina, na Serra. O evento busca fomentar o debate sobre soluções e tendências da indústria imobiliária, sendo um espaço de conexões entre profissionais e entidades do setor.
Para a Feira, Marcus trouxe a palestra “Gestão da Emoção – Mentes Saudáveis, Lares Felizes: como melhorar o presente e o futuro das novas habitações no Brasil”, inspirada em um de seus livros.
Para falar sobre o tema da palestra e o cenário atual do mercado imobiliário e indústria da construção, Hub Imobi conversou com Marcus Araújo. Ele explica quais são as principais tendências atuais, como o mercado se adapta para atender o novo consumidor e outros assuntos que estão em alta no setor.
Como é a relação entre a indústria da construção e o mercado imobiliário?
Essa relação é muito próxima. A diferença entre as duas é a humanização, já que a construção lida mais com o produto – a parte concreta do imóvel – e o mercado tem como foco o consumidor. Mas não podemos dissociar esses dois fatores. Um exemplo de como essas duas coisas podem acontecer de forma harmônica é a redução no número de paredes que os imóveis possuem. Isso não acontece por acaso, mas sim porque a quantidade de pessoas por domicílio, segundo o IBGE, caiu de 3,8 pessoas para 2,8 pessoas entre os censos de 2000 e o de 2022.
O que o consumidor moderno procura em um imóvel?
Neste momento, nós estamos com uma grande demanda por conceito imobiliário. Não é mais sobre quantos quartos, garagens ou metros quadrados o imóvel tem, apesar de serem ainda métricas importantes. Nós estamos buscando muito mais o significado profundo do morar e a identificação com o propósito do empreendimento. Quando isso acontece, o preço também já não é mais tão importante. Então, a grande métrica do século 21 é o significado profundo e o propósito do morar.
O que podemos esperar para a próxima geração de compradores? Quais mudanças o mercado deve fazer para acompanhar as novas necessidades desse público?
Nós estamos vendo nascer uma geração que está na “velocidade 2”, não só as crianças mas os pais delas também. E uma forma que nós temos para sair desse estado acelerado e voltar para a velocidade natural do nosso cérebro é por meio de experiências que temos em nossas casas, como preparar uma comida ou passar tempo com a família. Então, facilitar essas experiências é uma forma de melhorar o dia a dia das pessoas por meio do espaço que elas habitam.
Qual é a importância da inovação e de práticas ESG para a indústria?
Morar é um ato de amar, sendo também uma necessidade primária da nossa espécie, que criou um sistema (o mercado imobiliário) para atender essa necessidade. A inovação e o ESG também vêm justamente para atender às necessidades humanas, que se refletem no mercado. Por isso, esses temas são importantes para a indústria, porque temos uma geração que observa esses critérios nas empresas e os considera fundamentais.