Hospitais de Campanha
Luiz Fernando Santos Reis
Para combater a pandemia provocada pela covid-19, construir Hospitais de Campanha para suprir a deficiência de leitos da rede pública foi uma das ações mais importantes. E a iniciativa privada foi fundamental para colocá-las em prática. O que dependeu do governo estadual resultou em um retumbante fracasso.
O que deu certo?
O Hospital de Campanha Lagoa-Barra para 200 leitos, que custou R$ 45 milhões bancado pela iniciativa privada, foi inaugurado no dia 25 de abril para pacientes do SUS infectados pela covid-19. A estrutura foi erguida em 19 dias e sua montagem e operação ficaram a cargo da Rede d’OR, sem ônus para o governo. O grupo privado opera 45 unidades hospitalares no Brasil.
O Hospital de Campanha erguido no Parque dos Atletas, Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, inaugurado em 1° de maio, também teve sua montagem e gestão pela Rede d’OR. Seu custo de R$ 50 milhões foi bancado pela iniciativa privada.
O Centro Hospitalar para a Pandemia da covid-19 da Fiocruz, construído em regime emergencial para 195 leitos. Possui características específicas que o difere dos hospitais de campanha. Todos os leitos são quartos individuais, contam com sistema de isolamento com pressão negativa do ar. Essa unidade, que permanecerá à disposição da população após a pandemia, foi construída em 65 dias ao custo de R$ 61,4 milhões.
Por sua vez, o Município do Rio de Janeiro investiu na adaptação do Hospital Ronaldo Gazola que em 16 de abril estava apto para internar 160 pacientes. Já o Hospital de Campanha do Rio Centro recebeu os primeiros pacientes em 07 de maio e pode atender até 500 leitos.
O que deu errado?
O governo do estado planejou e prometeu entregar até o dia 30 de abril seis hospitais de campanha, a saber: Maracanã, Duque de Caxias, São Gonçalo, Campos, Casemiro de Abreu e Gericinó.
Informou, ainda, que construiria mais um em Nova Friburgo e um outro hospital, com estrutura modular, em Nova Iguaçu, esse último para permanecer após a pandemia. Contudo, as obras em Nova Iguaçu foram concluídas com atraso de 33%, em relação a data prevista, e o hospital ainda não entrou em operação.
Fruto disso, a população passou a assistir uma sequência de comunicações oficias diárias marcando datas para inauguração que nunca foram cumpridas. A exceção do Maracanã, entregue em 9 de maio, com atraso e com diversos problemas em sua operação, os demais ficaram com previsões de conclusão a perder de vista. Para fazer curta uma novela que ainda não chegou ao fim, o hospital de São Gonçalo foi inaugurado em 18 de junho e fechado em 17 de julho.
Não vamos entrar no mérito dos desmandos contratuais envolvendo a Secretária de Saúde e a Instituição contratada para construir e gerir os hospitais.
Após tudo o que foi investido o governo decidiu não concluir os hospitais que ainda estavam em montagem e fechar os dois em operação. O Tribunal de Justiça do Rio determinou que os hospitais não poderiam ser desmobilizados o que não foi respeitado pelo estado.
E ainda existem opiniões contrárias à participação da iniciativa privada!