Grande obstáculo
Luiz Fernando Santos Reis
Qualquer obra pública tem uma finalidade social: que os recursos tragam retorno para população. Poucas obras no Rio têm o significado do “BRT Transbrasil”, corredor exclusivo para ônibus articulados, que deveria servir a 820 mil passageiros por dia, reduzir tempo de espera e de viagem, se ficasse pronto.
O corredor de 23 km (na primeira etapa), importante conexão entre a Zona Oeste, Deodoro, e o Centro do Rio, transformou-se em “elefante branco”. São transtornos e problemas para a população obrigada a usar a Av. Brasil.
A previsão do investimento era de R$ 1,3 bi, que R$ 1,097 bi tinha como fonte o Mistério das Cidades, a cargo da Caixa Econômica. Os R$ 203 milhões restantes viriam do município. As obras começaram em novembro de 2014 com previsão de terminar em 2016. Mas, em agosto daquele ano, foram suspensas.
O que era para melhorar o transporte de passageiros entre a Zona Oeste e o Centro transformou-se em corrida de obstáculos, com corredor não concluído.
Com as obras paralisadas, houve aumento no tempo da viagem. Os riscos para usuários de ônibus tradicionais e de automóveis ou caminhões é incrível. As estruturas inacabadas criam obstáculos ou servem de abrigo a marginais e usuários de crack.
As estruturas estão se deteriorando e os recursos públicos investidos, jogados fora. Os acidentes são diários, basta lembrar a passarela, provisória, que atingida por um caminhão e que provocou mortes. Os assaltos são constantes, e a omissão do poder público é cada vez maior.
O que falta para retomar e concluir o empreendimento, lembrando que hoje não nos cabe discutir se era ou não útil ou importante? Ele está lá, inacabado, e serve como um obstáculo ao desenvolvimento e piora a qualidade de vida dos contribuintes.
Algo tem que ser feito. Competência técnica das empresas de engenharia brasileiras não falta, os recursos foram disponibilizados pela Caixa. Por que não retomar? De imediato, as obras gerariam 1.300 empregos e que, quando concluídas, atenderiam o enorme e sofrido contingente da população carioca.
Correção: Na coluna publicada em 20 de junho, no trecho em que em 2017, os custos decorrentes de acidentes e mortes registrados nas rodovias federais foram de R$ 100,7 bi houve erro digitação. O valor correto é R$ 10,7 bi