Empresa lançou um produto com grafeno, um nanomaterial de carbono, que pode ser adicionado em pastas de cimento, argamassas e concretos
A Gerdau Graphene, startup do grupo Gerdau que foi pioneira no desenvolvimento e comercialização de produtos com nanomateriais de carbono, como o grafeno, está se posicionando para disputar um mercado de R$ 1,1 bilhão na construção civil.
Com o lançamento de uma dispersão de grafeno à base de água, que pode ser adicionada em pastas de cimento, argamassas e concretos, a empresa põe na rua uma nova linha de produtos dedicados a essa indústria, motivada também pelo reaquecimento do setor. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que previa aumento de 1,3% do produto interno bruto (PIB) do setor em 2024, elevou sua estimativa para 2,3%.
“Nosso cliente [potencial] está em toda a cadeia da construção civil, desde a construtora até a concreteira”, diz a diretora de inovação da Gerdau Graphene, Valdirene Peressinotto.
Conforme a executiva, a linha de produtos com grafeno em dispeção aquosa vai mirar, inicialmente, em um mercado estimado em R$ 300 milhões. Desde o ano passado, contudo, a empresa já oferecia outra solução para a construção civil, uma adição mineral ainda sem grafeno, cujo mercado potencial é de R$ 800 milhões.
Além de contribuir para o menor consumo de água e outros materiais, o aditivo de grafeno confere maior desempenho ao concreto de alta consistência e proporciona ganhos de resistência e durabilidade.
Mais resistente que o aço e bom condutor térmico, o grafeno é composto 100% de carbono e pode ser aplicado em diferentes materiais. Por enquanto, o portfólio da Gerdau Graphene atende aos mercados de tintas e vernizes, polímeros (sobretudo resinas termoplásticas) e construção civil. Mas a empresa planeja trabalhar também com óleos e lubrificantes no futuro.
Com sete produtos hoje e planos de chegar a dez até o fim do ano, a Gerdau Graphene, que nasceu dentro da Gerdau Next, braço de novos negócios do grupo siderúrgico, tem o maior portfólio comercial do mundo de produtos com grafeno, material desenvolvido há apenas 20 anos.
A empresa ainda não revela volume de vendas e receitas, mas prevê alcançar o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas (“breakeven”) entre o fim deste ano e o início do ano que vem. De acordo com o diretor de Novos Negócios da Gerdau Next, Elder Rapachi, a Gerdau Graphene responde pelo maior desembolso em pesquisa e desenvolvimento da operação.
“O que foi feito na Graphene é inédito no mundo, por conseguir usar o grafeno e transformá-lo em um produto comercial”, afirma o executivo. Mais de dez empresas compõem a Gerdau Next, criada em 2021 com o objetivo de diversificar o portfólio da siderúrgica para segmentos correlatos ao aço.
Fonte: Valor Econômico