Francis defende reajuste dos orçamentos no Jornal do Commercio

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Jornal do CommercioOpiniãoPág. A-1316/05/2011

Francis defende reajuste dos orçamentos no Jornal do Commercio

Perigo dos orçamentos defasados

Francis Bogossian,
Presidente do Clube de Engenharia
e da Associação das Empresas
de Engenharia do Rio de Janeiro

A Prefeitura do Rio tem o grande desafio de preparar a cidade para ser o centro das atenções mundiais nos próximos anos. Não serão necessários apenas equipamentos esportivos, mas inúmeras intervenções em todos os bairros para transformar esta metrópole, degradada por décadas de abandono, numa cidade adequada para se viver e sediar os grandes eventos esportivos que virão.

O êxito desta empreitada exigirá da Prefeitura do Rio um grande planejamento que deve ser cumprido à risca, portanto, com pontualidade nos prazos das obras. Um fator, no entanto, pode vir a prejudicar todo o processo.

PREÇOS. Trata-se do orçamento de algumas obras que estão sendo licitadas no município. Isto porque os preços dos insumos e dos salários que compõem o orçamento não estão sendo atualizados para seus valores reais na ocasião da assinatura dos contratos. Assim, os orçamentos, elaborados há mais de um ano, ficam defasados, em média, 12 meses, sem levar em conta, inclusive, o último reajuste salarial do sindicato dos trabalhadores da construção e o aumento dos preços de vários produtos, entre eles o cimento e o ferro. Se a inflação existe, não é por aí que se vai fugir dela. Os preços precisam ser bem realistas. Não há mágica. A matemática é uma ciência exata.

Esta política de preços, além de injusta, contribui para a redução do número de participantes nas licitações. As construtoras que orçam corretamente suas obras abrem mão de participar de tais concorrências. O grande volume de obras que estarão sendo realizadas na cidade e no estado nos próximos anos permite que as empresas possam escolher as licitações de que querem participar.

PREJUÍZO. Ao vencer uma licitação com preços abaixo do mercado, a construtora terá prejuízos durante a execução da obra e não poderá concluí-la. Com isto, além de outras consequências danosas, o prazo de entrega ficará, certamente, comprometido. A outra saída para a vencedora desta licitação será utilizar materiais de pior procedência e profissionais menos qualificados, comprometendo, assim, a qualidade dos serviços.

A opção leonina de não atualizar os orçamentos das obras na data da assinatura dos contratos é sempre prejudicial para a cidade e também para os seus compromissos. A ideia de que executar obras virtualmente mais baratas permite ao administrador público fazer mais obras é uma falácia.

Artigo publicado no Jornal do Commercio
Segunda-feira, 16 de maio de 2011 – Opinião – A 13