Engenharia, mola mestra do desenvolvimento

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Jornal do CommercioOpiniãoA-1529/10/2015

Engenharia, mola mestra do desenvolvimento

Francis Bogossian

Estabeleceu-se no Brasil, em 2015, uma das maiores crises da história moderna do Brasil, nos âmbitos institucional, político e econômico. O crescente fechamento de postos de trabalho, as ameaças da perniciosa inflação e as denúncias de corrupção compõem um quadro que afeta todo o espectro da nossa sociedade. O ambiente recessivo se agrava e nossa engenharia já pode ser considerada uma das grandes vítimas.

O Ministério do Trabalho já contabiliza um corte da ordem do milhão de empregos nos últimos meses. O crédito para as empresas ficou mais restrito. Aumentou a dificuldade de se obter recursos para investimentos com as perdas no grau de investimento do país.

As disputas políticas tomaram conta do Governo e do Congresso, deixando ao léu reformas imprescindíveis. Vários setores da sociedade têm se manifestado com propostas de mudanças nos rumos da economia e da política. Voltaram a ser priorizadas as aplicações financeiras em detrimento dos investimentos em atividades produtivas para gerar desenvolvimento.

O setor de engenharia está em vias de mais uma desestruturação depois de um período bastante fértil, entre 2003 e 2013 que, segundo o Dieese, teve 87,4% de crescimento em empresas formais. Isto representa mais de 145 mil postos de trabalho criados. Não podemos assistir paralisados à demolição iniciada em 2014, com saldo negativo superior a 3.000 empregos. O Clube de Engenharia coordena um movimento junto ao Governo Federal, com apoio de diversas importantes instituições sobre obras públicas desmobilizadas por atrasos de pagamento. Urge que se retomem aquelas prioritárias, sanando as dívidas. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro é um exemplo de obra que, pelos níveis de gastos despendidos, deve ser retomada.

Tenho convicção de que muito precisa ser feito e com urgência para salvar setores fundamentais da economia que geram impostos e empregos. Petróleo e gás, infraestrutura e construção pesada estão entre eles e já lançam várias empresas para a recuperação judicial. Demissões em massa acontecem nas áreas de projetos.

As delações premiadas, vergonhosamente criticadas pela CPI do Congresso, superam em muito os acordos de leniência nos escândalos de corrupção. É preciso que se esteja atento às consequências desses processos, pois sem acordos de leniência, as empresas irão quebrar e isto não interessa à nação.

Francis Bogossian é presidente do Conselho Consultivo da Associação de Empresas de Engenharia (AEERJ), vice-presidente da Academia Nacional de Engenharia e Conselho Vitalício do Clube de Engenharia.