Emergência: há 40 anos no papel
Francis Bogossian,
Uma Comissão do Clube de Engenharia se deteve durante alguns meses sobre
um projeto elaborado na década de 70, pela antiga Sursan: o Túnel Extravasor,
que chegou a ser iniciado em 1971 pelo ex-secretário de Obras do governo
Negrão de Lima, Raymundo de Paula Soares. Depois de atualizado, o projeto
foi encaminhado ao prefeito Eduardo Paes para implementação em caráter de
emergência, ainda no primeiro semestre de 2010.
A concepção do projeto é a captação das águas excedentes que transbordam
as calhas dos rios Joana, Maracanã, Trapicheiros, Macacos, Rainha I e Rainha
II e transportá-las através de um túnel – denominado “Túnel Extravasor” –
para despejo final em mar aberto, no costão do Vidigal.
É importantíssimo observar que:
1- Os rios Joana, Maracanã e Trapicheiros deságuam no Canal do Mangue que
tem destino final na Baía de Guanabara. Quando transbordam, inundam toda a
região do Maracanã e por gravidade, as águas se deslocam pela superfície e
inundam a Praça da Bandeira. Há registros de inundações ocorridas no início
do século XX.
2- O Rio Macacos é o responsável pelas repetidas inundações do Jardim
Botânico, O Rio Macacos deságua na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde também
temos registros de enchentes.
3- Os rios Rainha I e Rainha II são os responsáveis pelas inundações na
Praça Sibélius. Sua nascente se localiza na Rocinha, (vertente Lagoa)
dividindo-se em dois córregos no vale da PUC. Há grande perda de carga ao
tomar a direção da rua Visconde de Albuquerque, sentido praia do Leblon,
aonde deságua.
A construção do Túnel Extravasor irá transferir diretamente para o mar as
águas excedentes que inundam logradouros já sobejamente conhecidos como
locais sujeitos às enchentes.
Em 1971, foi iniciada a construção do túnel, a partir da Avenida
Niemeyer, depois paralisada. Em 1989, as obras recomeçaram e foram novamente
paralisadas no Governo Leonel Brizola. Já há aproximadamente 1,5 quilômetro
de escavação em rocha e a frente do túnel está sob a rua Marquês de São
Vicente.
Mas esqueceu-se o projeto do Túnel Extravasor. Outros entraram em
discussão – como os piscinões e pequenos túneis, para conduzir as águas ao
Canal do Mangue e ao Cais do Porto, sujeitos à influência das marés altas,
que podem barrar o escoamento das águas. São soluções parciais. A solução
definitiva para o problema das enchentes é o Túnel Extravasor.
Francis Bogossian é presidente do Clube de
Engenharia e da AEERJ