Desafios do novo prefeito
Luiz Fernando Santos Reis
Estamos a quatro dias do primeiro turno para eleger o prefeito do Rio ou para definir os candidatos que irão disputar o segundo turno no dia 29 de novembro. Em nossos últimos artigos temos procurado chamar a atenção para a falta de programas nas campanhas dos candidatos e o excesso de acusações entre eles, o que nada constrói.
Mas outra importante reflexão é saber se todos os postulantes estão verdadeiramente a par dos desafios que enfrentarão. A receita da prefeitura, como bem declara o atual prefeito, caiu muito. Considerando a situação pela qual o país passa, fruto da pandemia da covid-19, não há possibilidade de recuperação em curto prazo. Os custos diretos, da máquina pública, seguem no mesmo patamar ou até mesmo aumentando. Enquanto isto, cresce a inadimplência dos contribuintes.
No entanto, ao analisarmos a montagem do governo, verificamos que existem 18 secretarias, 13 Empresas Públicas, 3 Autarquias e 6 Fundações. São ao todo 40 estruturas complexas demandando equipes e equipamentos, entre outras regalias. Será que tudo isso é necessário? No atual governo, por exemplo, temos: Secretária de Envelhecimento Saudável, Qualidade de Vida e Eventos; Secretária da Pessoa com Deficiência e Tecnologia; Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos e Secretária de Desenvolvimento, Emprego e Inovação.
Será que quatro secretárias não poderiam se transformar em apenas uma? Do mesmo modo, quando analisamos as Empresas Municipais encontramos: Rioeventos, Riotur, Riofilmes e a Empresa de Artes Gráficas – Imprensa da Cidade. Cabe a mesma pergunta: não pode virar uma? Isso tudo, ainda, sem análise aprofundada sobre o Previ-Rio, que será tremendo problema para qualquer gestão.
Enquanto continuamos assistindo esse acúmulo de órgãos, funcionários e todas as consequências que advém daí, também vemos a cidade sofrendo pela destruição e ocupação desordenada contínua. Nossa infraestrutura está cada dia mais precária, todo dia vemos noticiário de ruas esburacadas, bueiros e galerias de águas pluviais entupidas, encostas demandando monitoramento e contenções, rios assoreados, viadutos e passarelas precisando urgentemente de manutenção, além de obras inconclusas como o BRT Transbrasil, entre outras.
Contudo, infraestrutura não se resume a isto. Temos, ainda, toda uma rede de hospitais, clínicas da família, postos de saúde e escolas que precisam ser mantidas em perfeitas condições de uso. Como manter o sistema do BRT em condições de dar conforto aos usuários? Tudo isso demanda recursos que não estão aparecendo.
O novo prefeito terá que abdicar de fazer qualquer novo empreendimento e gerir a cidade visando mantê-la nas melhores condições possíveis para garantir um mínimo de qualidade de vida para os cariocas. Pense bem na hora de votar, você já conseguiu ver o programa de governo de seu candidato? Ele aborda esses temas acima? Fique atento.