O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), divulgado nesta segunda-feira pelo FGV Ibre, teve alta de 0,67% em outubro, o que presenta um aumento no ritmo de crescimento da inflação do setor depois de dois meses desacelerando. Em 21 meses a taxa acumula alta de 5,72%, um avanço expressivo em comparação o mesmo período de 2023, quando o índice acumulava 3,37%. A variação do INCC está bem acima da inflação geral, estimada pelo Boletim Focus, desta segunda-feira, com o IPCA fechando em 4,55% este ano. A alta do custo da construção é mais um indicador a pressionar o orçamento das famílias, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV IBRE, pondera que a alta de juros é um ponto mais importante quando se fala do desempenho do setor de construção para este ano.
– A alta dos custos da construção, sem dúvida, é um componente adicional a pressionar orçamento das famílias, mas acredito que o crédito tem um papel maior. Os banco começam a restringir a oferta e aumentar as taxas de juros, o que pode ter impactos negativos. Mas não vamos esquecer que atualmente a maior alavanca do setor é o programa Minha Casa, Minha Vida e até agora nada mudou. Portanto pode haver uma desaceleração o ritmo de crescimento do mercado por conta da média e alta renda, mas, por enquanto, não vejo um cenário de contração para o segmento – afirma.
Ana Maria ressalta que, em outubro, diferentemente do que se via nos meses anteriores, nos quais a mão de obra era a maior influência para o crescimento dos custos do setor, a maior contribuição veio da cesta de materiais. Insumos como aço, concreto e cimento contribuíram para o resultado do mês.
– Vale notar que em 2024, o componente “Materiais e equipamentos” registra altas mensais bem superior ao do passado. De todo modo, a mão de obra, mesmo tendo registrado pequena desaceleração, segue sendo um vetor de pressão importante. Em 12 meses, a alta acumulada é de 7,79%. A demanda aquecida tem provocado falta de trabalhadores e alta nos custos tanto com mão de obra como de insumos.
A coordenadora diz que é difícil falar de tendência quanto a materiais e equipamentos:
– Mas claramente deve ficar acima do ano passado e possivelmente acima da inflação prevista para 2024. Mão de obra já está há mais tempo acima da inflação e deve continuar. As empresas indicam que vão continuar contratando mais que demitindo, ou seja, o mercado de trabalho se mantém pressionado.
O Índice de Confiança da Construção (ICST), divulgado também nesta segunda-feira, tem captado as dificuldades das empresas com a escassez de pessoal e os custos mais elevados, diz Ana Maria. O índice ficou estável, variou apenas 0,1 ponto em outubro, para 97,2 pontos, abaixo da neutralidade marcada pelos 100 pontos, o que expressa cautela das empresas. Ela destaca:
– No quesito de limitações aos negócios, escassez de trabalhadores surge com a maior delas, mas em outubro aumentaram as assinalações em custo da mão de mão de obra.
Fonte: O Globo