Cresce a Frente Pró-Rio
Francis Bogossian*
Engenheiro
A falta de investimentos federais e o descaso do governo federal com o Rio de
Janeiro fizeram crescer o número de adesões à Frente Pró-Rio. Até agora, são 13
as entidades do Rio que já aderiram ao movimento e estão mobilizadas para
reverter esta situação: ACRJ, Ademi-RJ, AD-Rio, AEERJ, Clube de Engenharia,
Crea-RJ, Fecomércio, Firjan, OAB-RJ, Seaerj, Sinduscon-Rio, Tribunal de Contas
do Estado do Rio (TEC) e Tribunal de Contas do Município (TCM).
O Rio de Janeiro é o segundo estado em arrecadação da Federação, e não
podemos assistir, de braços cruzados, que outros tenham privilégios enquanto nos
é negado o que é justo, em função de várias divergências políticas que se
arrastam há muitos anos.
Só para dar uma idéia ao povo do estado do Rio, vale lembrar que em 2004
arrecadamos 18,89% das receitas federais e só recebemos 5,75% dos investimentos
da União. Apenas para comparar, o estado de Minas Gerais, que tanto amamos e
respeitamos, arrecadou, no mesmo ano, 5,29% das receitas e recebeu 13,03% dos
investimentos.
Os representantes da Frente Pró-Rio estiveram reunidos, em Brasília, com a
bancada parlamentar do Rio, apontando alguns absurdos que precisam ser
corrigidos. O senador Crivella foi o emissário da Frente Pró-Rio para entregar,
nas mãos do presidente Lula, uma lista de reivindicações que tiveram a aprovação
da bancada do Rio de Janeiro. Paralelamente, um grupo de deputados federais
levou o assunto ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O presidente Lula
prometeu analisar e responder prontamente.
A Frente Pró-Rio vai pressionar e não pretende aceitar respostas evasivas. O
movimento, que está angariando ainda a adesão de outros segmentos da sociedade
fluminense e também a força das autoridades mais representativas do Estado, não
vai esmorecer.
O estado do Rio de Janeiro tem problemas de alta complexidade em
infra-estrutura e segurança que só poderão ser equacionados e resolvidos com a
aplicação dos legítimos recursos a que tem direito.
O metrô do Rio é um exemplo desta discriminação. É construído com
financiamento do BNDES, através de empréstimos contratados e pagos pelo governo
do estado, enquanto os metrôs do Ceará, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais vêm
sendo, desde sempre, executados com recursos da União, através da CBTU e,
pasmem, a fundo perdido, ou seja, sem necessidade de devolução. Mesmo assim, as
obras da Linha 1, no trecho Siqueira Campos/Cantagalo/General Osório, estão em
via de paralisação porque o BNDES não libera as parcelas de financiamento desde
janeiro, apesar das determinações do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal
Federal, para disponibilizar estes recursos.
A construção da Linha 3, no trecho Niterói-São Gonçalo, foi incluída no
orçamento da CBTU em 2004, e, em 2005, deveria receber R$ 60 milhões. Até o
momento nada foi liberado, enquanto outros metrôs foram beneficiados: Recife
recebeu R$ 20 milhões; Salvador, R$ 3,8 milhões; Belo Horizonte, R$ 11 milhões e
também Fortaleza, R$ 14 milhões. No orçamento de 2006 da CBTU, desapareceu a
proposta orçamentária desta Linha 3 do Metrô do Rio, enquanto o órgão destina R$
158 milhões para o Metrô de Fortaleza e R$ 84 milhões para o de Salvador.
Estes são apenas alguns exemplos entre os muitos que estamos relacionando.
Precisamos e vamos cobrar!
*Francis Bogossian é presidente da Associação das Empresas de Engenharia do Rio
de Janeiro.