Mais de 70% das construtoras e incorporadoras apontam o problema; faltam pedreiros, carpinteiros, eletricistas e engenheiros. Mestre de obra lidera o ranking das profissões com maior dificuldade de contratação
A falta de profissionais qualificados está afetando obras de construção civil espalhadas pelo País inteiro. Hoje o mercado sofre com a escassez de pedreiros, mestres de obra, carpinteiros, armadores, eletricistas e até engenheiros.
O problema é resultado da disputa de mão de obra entre construtoras do setor imobiliário e grandes empreiteiras, que estão em busca do mesmo profissional.
Esse cenário tem sido impulsionado pela proximidade das eleições municipais e a corrida das prefeituras para executar obras de infraestrutura.
Apesar da diminuição dos lançamentos imobiliários neste ano na cidade de São Paulo e no Brasil, a procura por mão de obra não esfriou, afirma o presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Yorki Estefan. “Estamos erguendo hoje obras lançadas no passado”, explica.
Ele observa que a execução dos empreendimentos imobiliários está a todo vapor e também as obras públicas estão bastante aceleradas. “Hoje está faltando tudo”, diz o executivo, fazendo menção à mão de obra para construção.
O retrato da disputa por trabalhadores para erguer obras públicas de infraestrutura e obras imobiliárias do setor privado é nítido nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Entre admissões e contratações, o saldo de postos de trabalho na construção civil acumulado entre janeiro e agosto deste ano foi de 224.482 vagas, aponta levantamento da LCA Consultores. Deste total, o setor privado respondeu por 65% das contratações.
É uma participação bem menor do que foi no ano anterior (77,2%). Já a fatia das obras públicas de infraestrutura no saldo de postos de trabalho da construção civil como um todo, que era de 22,8% entre janeiro e agosto de 2022, subiu para 35% no mesmo período deste ano.
“Hoje tem mais competição (por mão de obra) para as construtoras (do setor imobiliário), diz Bruno Imaizumi, economista da LCA e responsável pelo levantamento. Ele observa que governo e empresas ligadas à execução de obras de infraestrutura estão contratando num ritmo mais acelerado.
Além disso, entra na disputa por trabalhadores o setor de serviços. O economista lembra que, desde a crise de 2015/16, muitos demitidos da construção civil foram trabalhar com transporte por aplicativo, por exemplo.
Desde então, esse setor e outros começaram absorver a mão de obra que potencialmente poderia se empregar na construção.
A dificuldade de contratar profissionais qualificados já tinha sido apontada no primeiro trimestre deste ano por 74,03% das construtoras e incorporadoras em pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).