Condições para crescer
Francis Bogossian
O encontro realizado no Clube de Engenharia, dia 17 de agosto, reunindo cerca de 40 grandes entidades e líderes da engenharia brasileira passou à sociedade brasileira mensagem clara, objetiva, direta e importantíssima : sem engenharia, não há desenvolvimento; sem desenvolvimento, não há emprego; e sem emprego, não há soberania. Não se trata de uma atitude classista pretensiosa, mas de um alerta de profissionais que ajudam a construir o Brasil.
As motivações para esse alerta são óbvias. Entre junho de 2014 e o mesmo mês de 2015, o Brasil perdeu 730 mil postos de trabalho. Destes, 348 mil, cerca de 48%, desapareceram na área da construção civil. Somente na construção pesada, responsável pela materialização da infraestrutura de que o país precisa para crescer, foram 175 mil postos, 24% do total de perdas do país.
À medida que grandes obras são interrompidas, o efeito das demissões se torna cumulativo e se move em ondas que levam à eliminação de empregos em diversas áreas. É hora de promover instrumentos de persuasão e de pressão junto ao poder público, a fim de evitar que as empresas geradoras do progresso venham a ser dizimadas por conta de uma política que coloca em risco a competência técnica e gerencial acumuladas há décadas pelo complexo construtor brasileiro e hoje presentes em mais de 40 países.
Conscientes de que esse papel de coesão constitui a marca do clube em toda a sua existência, tornamos públicas as nossas bandeiras: o restabelecimento das obras de construção pesada, das atividades da indústria de óleo e gás, dos complexos de refino e da construção naval, entre outras.
Protestamos contra a redução dos investimentos da Petrobras e contra as tentativas de mudança gradual do seu marco regulatório. Mas apoiamos as iniciativas voltadas para a moralização das relações contratuais e a punição dos que violaram os princípios éticos, ou seja, os corruptos e os corruptores, tarefa do Poder Judiciário.
Não concordamos que “os filhos paguem pelo erro dos pais”, figura de retórica com a qual identificamos as centenas de milhares de empregados postos na rua pela falência imposta pelos fatos — crise econômica e na Petrobras — ao nosso complexo produtivo público e privado. Juntos, alertamos: há que se resguardar as empresas.
A união pelo Brasil, pela garantia de avanços sociais e econômicos indiscutíveis conquistados ao longo da última década, é hoje, para a engenharia nacional, uma prioridade. Da mesma forma, para que tal posicionamento alcance a projeção necessária, é de igual importância a criação de uma rede de comunicação orgânica, que busque entidades parceiras e diálogo com públicos internos e externos.
Só assim poderemos reconquistar o espaço que historicamente tivemos nas esferas de poder e mesas de negociação. Só assim será possível comunicar as mensagens de uma instituição que, embora situada no Rio de Janeiro, é, em essência, uma entidade nacional: o Clube de Engenharia do Brasil.
Francis Bogossian é presidente do Clube de Engenharia do Brasil.