Chuvas: a hora de buscar soluções
Carolina Monteiro
RIO DE JANEIRO
Francis Bogossian é presidente do Clube de Engenharia (CE).
Uma parceria entre o Jornal do Brasil e a organização vai promover no dia 12 de maio o Seminário Chuvas de abril: avaliações e soluções. O objetivo é debater os acidentes ocorridos no início do mês e propor medidas que evitem mortes e as cenas de caos que tomaram o Rio de Janeiro. O presidente do CE é engenheiro geotécnico, especializado em mecânica dos solos. Francis também preside a Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ). Abaixo, ele explica a importância de debater o problema, que afeta várias famílias Brasil afora.
Por que organizar um seminário sobre desastres decorrentes da chuva?
– O CE não é um mero clube, é uma conferência da engenharia que completa 130 anos em 2010. Somos um órgão nacional com o objetivo de encarar e resolver problemas nacionais e estaduais. Estes últimos episódios de escorregamento de terra ocorreram no Rio de Janeiro, mas a problemática das encostas é uma questão nacional. Evitar ou minimizar os problemas decorrentes é visto por nós como uma obrigação. Principalmente porque a solução para estes problemas é basicamente de engenharia.
Como o senhor espera que o seminário ajude a população carioca?
– Os acidentes, como os ocorridos há três semanas, trazem mortes e perda de patrimônio do trabalho de uma vida de muitos cidadãos. Sejam carros ou casas, é de interesse do povo investigar meios para que isto não ocorra novamente.
Na sua opinião, qual foi a origem dos problemas de habitação na cidade e no país?
– Acredito que a origem de tudo teve início há quase 30 anos, quando o desenvolvimento nacional foi estancado. Aumentou o desemprego ou subemprego.
Para somar a isto, em 21 de novembro de 1986, o Banco Nacional de Habitação, que recebia verbas do FGTS, foi fechado.
Agora estes recursos vão para a Caixa Econômica Federal. A solução para os problemas de moradia foi então interrompido pela falta de verbas. Com o programa Minha Casa, Minha Vida, o governo federal, sob liderança do presidente Lula, tem buscado mudar esse quadro, voltando a investir nacionalmente em moradia.
Acho indispensável reabrir o BNH, acrescentando um S à sigla, incluindo também o saneamento.
Ou, então, que acabem com o FGTS. Acredito que o acidente poderia ter sido minimizado se o BNH tivesse enviado dinheiro para governos estaduais e prefeituras. Mas não sou favorável a buscar culpados, e sim, de ir atrás de soluções.
Qual é a sua expectativa para a participação do poder público no evento?
– Acho que a atual administração do município, o governo do estado e também o Ministério das Cidades vão responder afirmativamente ao nosso convite. Os governantes, junto com a sociedade civil e, também, o Clube de Engenharia, terão mais força na busca por soluções e pela diminuição dos riscos futuros.