Brasil precisa de Angra 3
Francis Bogossian, presidente
Na próxima reunião do Conselho de Nacional de Política Energética, em junho, deve ser tomada a decisão sobre a construção de Angra 3. Há mais de 20 anos se arrasta a novela da construção da terceira usina nuclear de Angra dos Reis e o assunto não tem solução. Até quando esta situação vai se arrastar?
Mais de US$ 750 milhões já foram gastos em equipamentos e só na manutenção destes se consome cerca de US$ 20 milhões por ano.
Os especialistas não têm mais dúvida de que o mundo vai se voltar para a energia nuclear, pelo impacto zero que provoca no aquecimento global.
O Plano Decenal do Sistema Elétrico Nacional (2006-2015), elaborado pelo governo federal, através da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), contempla a necessidade da diversificação da matriz energética brasileira e prevê não apenas a construção de Angra 3, mas ainda de quatro a oito novas usinas nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil até 2030.
O Brasil tem urânio. É também um dos três países do mundo, além dos Estados Unidos e Rússia, que possui, ao mesmo tempo, reservas (390 mil toneladas) e domínio tecnológico de enriquecimento de urânio. Manter e aperfeiçoar esta tecnologia só poderá trazer benefícios para o País. A primeira geração de técnicos já está se aposentando e há necessidade premente de treinamento de novos profissionais.
A construção de Angra 3 vai interferir muito pouco com o meio ambiente porque será instalada no mesmo local onde estão hoje Angra 1 e 2. São mais de 1.400 MW a integrar o sistema interligado das regiões Sudeste e Centro-Oeste do País, com baixíssimos investimentos em sistemas complementares, linhas de transmissão, ou subestações porque esta infra-estrutura já existe. Outro ponto importante em favor da construção de Angra III é que grande parte da obra civil da usina já está construída.
Wagner Victer, atual presidente da Cedae e ex-secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, calculou que a quantidade de energia a ser produzida diariamente por Angra 3 equivale ao que é gerado hoje por 7 milhões de m3 de gás, aproximadamente um terço do que o Brasil importa da Bolívia.
O preço da energia gerada em usina nuclear também está bastante próximo da proveniente de termelétricas a gás. A tarifa de R$138,14 por MWh se aproxima da tarifa média de R$ 136,00 por MWh das térmicas a gás contratadas no último leilão de energia realizado em 2006. A construção de novas usinas vai gerar, indiscutivelmente, economia de escala na produção de combustível nuclear, reduzindo seu custo.
Para completar, a estimativa é de que a construção de Angra 3 gere cerca de 20 mil novos empregos (diretos e indiretos). Chegou a hora de construir Angra 3! Esta é também uma reivindicação da Frente Pró-Rio, movimento, coordenado pela AEERJ, que reúne 29 entidades de classe do Rio, na luta pelo desenvolvimento do Estado.