Grandes demandantes pelo fundo do banco de fomento têm sido empresas que atuam em biocombustíveis e energia limpa
Depois de lançar um fundo para financiar projetos em minerais estratégicos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer apoiar a descarbonização da indústria de base. A iniciativa conta com recursos do Fundo Clima, turbinado neste ano com a captação, pelo governo federal, de um título verde de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões).
Esses recursos estão disponíveis para o banco financiar projetos de descarbonização, de mobilidade elétrica e de geração de energia limpa, disse João Paulo Pieroni, superintendente da área de desenvolvimento produtivo e inovação do banco de fomento.
Os grandes demandantes pelo fundo têm sido empresas que atuam em biocombustíveis e energia limpa. “Com um orçamento de R$ 10 bilhões, já temos em torno de R$ 15 bilhões em demanda. A fila é a maior que o volume de recursos”, disse ao Valor.
“Nossa frente hoje de maior fomento é na indústria de base”, acrescentou Pieroni. Descarbonizar o setor, do qual fazem parte a indústria química, a siderúrgica e a de mineração entre outras, contudo, é um processo complexo.
“As indústrias de base estão entre as indústrias que mais emitem gases de efeito estufa e são consideradas difíceis de abater [as emissões], porque mudar o processo de uma indústria como essa pode exigir até substituição da fábrica como um todo, o que não acontece com outros segmentos”, afirmou ele.
O BNDES busca ampliar sua atuação nesse segmento financiando projetos de mudanças em processos produtivos e até novas unidades produtivas. As linhas do fundo clima têm juros de, em média, 6,15% ao ano.
Pieroni foi um dos participantes do Invest Mining Summit 2024, que reuniu na sede da B3, em São Paulo, nesta terça (8), representantes de empresas de mineração, representantes de órgãos federais e executivos do mercado financeiro. O evento teve como tema central o papel que o mercado de capitais local poderá ter para alavancar projetos de pesquisa mineral no país.
Empresas do setor recorrem tradicionalmente às bolsas do Canadá e da Austrália para abrir capital e levantar recursos. Enquanto a bolsa de Toronto tem cerca de 1 mil empresas de mineração listadas, a B3 tem 8, incluindo os grupos que incorporam atividade de mineração e metalurgia.
A Associação Brasileiras de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), a Associação para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (Adimb) e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) têm liderado as discussões junto à B3, numa tentativa de incentivar que empresas de pesquisa passem a se capitalizar no Brasil.
O fundo do BNDES para financiar projetos de minerais estratégicos tenta compensar, em parte, a participação limitada do mercado de capitais no Brasil no setor mineral. O fundo é fruto de uma parceria do banco com a Vale e pode chegar a US$ 1 bilhão. Os recursos poderão ser captados por até 20 companhias júnior ou de médio porte do setor. Entre os minerais que são alvo desses recursos estão cobalto, cobre, grafita, lítio, terras raras, nióbio, urânio e vanádio.
Fonte: Valor Econômico