Alerta às construtoras do Rio
Francis Bogossian, presidente
Começam a faltar insumos, equipamentos e mão-de-obra especializada para o setor da construção. As construtoras de obras públicas do Rio devem ficar atentas aos aumentos de preços.
Com a queda do investimento público, especialmente no Rio de Janeiro, as construtoras se habituaram a oferecer descontos nas licitações de obras. Não deveriam esquecer, no entanto, que os orçamentos das obras no Estado e no Município do Rio incluem apenas os custos, sem Bonificação de Despesas Indiretas (BDI), ou seja administração, lucro etc.
Qualquer aumento nos preços de insumos em uma obra pode ser fatal para a construtora, principalmente as médias e pequenas. Os reajustes dos contratos são anuais e, no caso da Prefeitura do Rio, a cada dois anos. É verdade que a Lei de Licitações (Lei 8666/93) prevê a revisão dos contratos em caso de desequilíbrio econômico-financeiro da obra, mas não é um assunto de fácil negociação.
Ainda não começaram as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já estão faltando cimento e aço, como conseqüência da expansão da construção imobiliária.
O consumo de cimento cresceu 8,7% de janeiro a setembro deste ano, enquanto a projeção do setor era de um aumento de 5%. As cimenteiras estão trabalhando a plena carga, mas, mesmo assim, não estão conseguindo atender à demanda.
No setor de máquinas leves e pesadas, as encomendas já estão levando mais de três meses. A falta de tratores, retro-escavadeiras, caminhões etc. se faz sentir no mercado.
Com o início das obras do PAC, no próximo ano, somado à construção de grandes empreendimentos industriais no Estado do Rio, como a ThyrssenKrupp CSA, em Santa Cruz, e a Companhia Petroquímica do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, a tendência é de um crescimento ainda maior do consumo.
Para evitar que os preços disparem e se reflitam na inflação, o governo federal pode liberar as importações como já sugeriu o ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O complicado, no entanto, é em relação à qualificação da mão-de-obra. Estes anos de recessão levaram menos estudantes às escolas de Engenharia. Sem obras, menos mestres-de-obra também foram formados. A falta de profissionais qualificados está se fazendo sentir pela procura que se vê no mercado. Preparar bons profissionais leva tempo. Como as construtoras de pequeno e médio porte não têm estrutura para importar mão-de-obra, os salários, fatalmente, vão subir.
Um exemplo da escassez de pessoal qualificado foi dado pela Companhia Vale do Rio Doce. Nos mais de 355 mil currículos incluídos em seu site, mas apenas 2% deles são de engenheiros e geólogos. Para atender a seus planos de expansão, a empresa já anunciou que precisará recrutar, por um ano, estes profissionais no exterior .