Fonte: Monitor Mercantil
22/04/2025
Especialista aponta que a modernização no setor é a chave para atrair novas gerações
A construção civil brasileira enfrenta um momento desafiador: a escassez de mão de obra qualificada, aliada ao envelhecimento dos profissionais do setor. De acordo com a Sondagem da Construção, realizada pelo FGV IBRE, 71,2% dos empregadores relataram dificuldades em contratar trabalhadores qualificados entre junho de 2023 e junho de 2024. Paralelamente, a idade média da força de trabalho ultrapassou os 40 anos, evidenciando uma lacuna geracional preocupante.
As condições historicamente difíceis nos canteiros — com atividades físicas extenuantes e exposição a riscos — afastam os mais jovens da área, como explica Fernando Scheffer, fundador da Espaço Smart, maior ecossistema de steel frame da América Latina. “Hoje, empregos menos braçais e mais digitais, como entregas por aplicativos ou transporte por apps, acabam chamando mais atenção, inclusive de quem já atua na construção ou considera ingressar nesse ramo. A falta de inovação e a predominância de métodos tão artesanais que a alvenaria demanda tornam a construção civil menos atrativa para as novas gerações, que buscam ambientes de trabalho mais tecnológicos e dinâmicos”, explica.
Diante desse cenário, a adoção de métodos construtivos industrializados surge como uma solução promissora. Um exemplo é o Light Steel Frame, método construtivo que se baseia no uso de barras de aço galvanizado no lugar dos materiais de alvenaria comum e reduz significativamente o tempo de execução das obras e a necessidade de mão de obra intensiva. Estudos indicam que a adoção do método pode diminuir o tempo de construção em até 50% e reduzir os custos finais da obra em até 20%.
Contribuindo para essa transformação do mercado, a Espaço Smart, em parceria com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), estruturou um programa de capacitação que já formou mais de 10 mil profissionais especializados em Steel Frame. Para este ano, a meta da empresa é superar a marca de 1.000 novos alunos capacitados, com uma média de 80 profissionais formados por mês.
A iniciativa busca preencher uma lacuna no mercado, preparando profissionais aptos a trabalhar com o sistema construtivo, que se destaca pela rapidez, eficiência e sustentabilidade. “O Steel Frame já é uma solução para driblar a escassez de mão de obra no setor por si só, já que, com a eliminação de alguns processos no canteiro de obras — como a preparação do concreto e processos artesanais que deixam de ser necessários com o uso das barras pré-moldadas —, a quantidade de trabalhadores por obra acaba sendo menor. Além disso, as construções costumam levar menos tempo nesse formato, o que permite que o mesmo profissional realize mais obras. Apesar de todos esses pontos positivos, ainda enfrentamos dificuldades para encontrar pessoas familiarizadas com esse formato de construção; por isso, os treinamentos fazem parte das nossas prioridades nos próximos anos”, conclui Scheffer.