A expansão dos portos e a necessidade de investimentos em logística

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Mesmo com números expressivos registrados em 2024, os portos do estado do Rio de Janeiro ainda sofrem com a falta de conexões rodoviárias e ferroviárias.

O estado do Rio de Janeiro está se consolidando como um dos principais centros de movimentação de cargas do Brasil por via marítima. Trata-se de uma boa notícia, mas que vem acompanhada de um problema antigo: a falta de infraestrutura logística.

Um bom exemplo é o Terminal Multicargas (T-MULT) do Porto do Açu, no litoral de São João da Barra, que, no início deste ano, alcançou a marca de 10 milhões de toneladas movimentadas. Com um crescimento anual de 43% e prestes a completar dez anos de operação, o T-MULT expandiu seu portfólio, passando a operar 25 tipos de granéis e cargas de projeto. Em 2024, iniciou a expansão de seu cais operacional, que passará de 340 metros para 500 metros. A obra possibilitará um aumento na movimentação de cargas para 2,7 milhões de toneladas ao ano. Também está sendo construído um segundo berço, que permitirá a operação simultânea de dois navios.

A expansão do T-MULT e dos terminais do Porto do Açu poderia ser ainda maior, se não fosse a logística precária. O complexo portuário, que se estrutura para ser o maior da América Latina num futuro próximo, tem ligação precária com as principais rotas comerciais do país. O acesso se dá através de uma rodovia de mão dupla, que há muito tempo sente os efeitos do excesso de caminhões de carga. Ao contrário de outros grandes portos, o Açu também não tem conexão com o restante do país por via ferroviária.

De forma geral, não só o estado do Rio, mas todo o Brasil sofre com este problema. Portos conectados a grandes rodovias e ferrovias estão operando no limite de sua capacidade. Em Santos (SP) e Paranaguá (PR), caminhões carregados de soja e milho chegam a aguardar 15 dias pelo embarque. Falta de agilidade e eficiência se pagam com perda de competitividade. É dinheiro jogado fora.

Tudo poderia ser diferente, com uma política nacional de transporte que realmente integre o país e conecte as regiões produtoras aos portos em expansão. Essa política passa pela construção de rodovias e ferrovias que favoreçam o transporte de cargas com mais agilidade e eficiência. No caso específico do T-MULT, não há fila de espera para atracação.

É urgente a construção da Ferrovia EF-118 interligando o Rio de Janeiro a Vitória (ES), formando um corredor logístico que conectará oito portos e possibilitará a ligação com o restante do país através da MRS (ao sul) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (ao norte). No modal rodoviário, o debate leva à necessidade urgente da duplicação da BR-101 em todo o trecho da concessão da Arteris Fluminense, que se estende da Ponte Rio-Niterói à divisa com o Espírito Santo. Igualmente importante será a construção da RJ-244 – ligação direta da BR-101 com o Porto do Açu, que vai retirar o tráfego pesado da área urbana de Campos dos Goytacazes.

Um Brasil mais eficiente exige um trabalho conjunto entre Poder Público e iniciativa privada. Com planejamento, inteligência e vontade política, todos sairão ganhando. Assim, não apenas o T-MULT continuará se expandindo, mas todos os portos fluminenses ganharão eficiência e expandirão sua carteira de negócios, com reflexos altamente positivos na economia do estado.

Fonte: O Dia