Concessões devem otimizar serviços de água e esgoto, beneficiando mais 26,7 milhões de brasileiros
A participação de operadores privados no setor de água e esgoto no Brasil saltou de 5% para 30% desde a implementação do Marco Legal do Saneamento Básico, em 2020. Esse aumento é reflexo do fortalecimento de parcerias público-privadas, viabilizando projetos de infraestrutura que enfrentavam entraves burocráticos e baixo investimento.
Segundo a Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto ( Abcon ), as concessões devem contabilizar um total de R$ 77,3 bilhões, beneficiando cerca de 26,7 milhões de pessoas em todo o país.
Para Vinicius Brum, vice-presidente para Saúde, Segurança, Educação e Serviços Públicos da Falconi, o saneamento básico ainda representa um dos maiores desafios para a garantia da saúde e qualidade de vida da população.
“Mais de 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável e 90 milhões estão excluídos da coleta de esgoto. Apesar dos números preocupantes, o país começa a trilhar um caminho rumo à universalização, impulsionado por reformas, investimentos privados e novas tecnologias”, avalia o executivo.
Os avanços observados são reflexo da promulgação do Marco Legal do Saneamento, que intensificou os aportes financeiros no setor, resultando em concessões e parcerias público-privadas estratégicas.
Esse movimento tem sido essencial para modernizar redes de abastecimento, ampliar a capacidade de tratamento de esgoto e estabelecer metas regulatórias com fiscalização mais eficiente.
“As novas diretrizes incentivaram estados e municípios a priorizarem o saneamento em suas políticas públicas, especialmente nas regiões com infraestrutura mais defasada”, complementa Brum.
Apesar de avanços notáveis em regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro, o Brasil ainda enfrenta desigualdades alarmantes no acesso ao saneamento, especialmente no Norte e Nordeste.
Segundo o Censo 2022, os estados do Amazonas e Pará estão entre os mais afetados, onde populações ribeirinhas e rurais seguem desassistidas por sistemas básicos. O desafio se agrava nessas áreas devido à dificuldade de acesso, vulnerabilidade social e custos elevados de construção e manutenção.
A universalização do saneamento até 2033 dependerá de esforços contínuos e da implementação de soluções inovadoras. O ano de 2025 será decisivo para o setor, com a necessidade de investir em tecnologia para ampliar a cobertura e melhorar a eficiência operacional de redes já existentes.
“Sistemas modulares e planejamento descentralizado facilitam o acesso em regiões remotas, enquanto a aplicação de Inteligência Artificial pode reduzir em até 40% os custos de expansão e operação”, destaca Brum.
A digitalização dos sistemas, monitoramento remoto e o uso de algoritmos de predição prometem melhorar a gestão das empresas, reduzir perdas operacionais e otimizar o relacionamento com os clientes. Para Brum, “mesmo com desafios, o caminho para a universalização do saneamento é possível. Com tecnologia e parcerias eficientes, o Brasil pode superar esse déficit histórico e oferecer condições dignas para toda a população”.
Fonte: Revista Grandes Construções