Cada vez mais integradas às áreas de finanças e relações com investidores, questões sustentáveis orientam e definem novos parâmetros corporativos
À medida que companhias e investidores percebem que a gestão de pautas relacionadas à sustentabilidade gera bons resultados, os tópicos que envolvem meio ambiente, aspectos sociais e de governança mantêm o seu protagonismo em alta no mercado.
De acordo com o estudo “A maturidade ESG nas empresas brasileiras – avanços e desafios 2024”, realizado pela Beon em parceria com a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e Nexus, especializada em coleta e análise de dados, a agenda segue prioritária. Cerca de 59% das corporações mapeiam stakeholders com objetivo de engajamento nas ações, e 51% focam em estratégias de sustentabilidade.
“O ESG está ligado à capacidade que as empresas têm de gerirem melhor os seus riscos, seja do ponto de vista de mapeamento de riscos socioambientais ou de governança, que anteriormente não estavam percebidos. Então, ao avançar numa estratégia de sustentabilidade corporativa, as organizações conseguem proteger a sua capacidade de criar valor, o que, no fim do dia, beneficia a quem tem uma visão de longo prazo”, explica Danilo Maeda, diretor geral da Beon ESG.
Mercado verde
O movimento corporativo no que se refere à adoção de projetos sustentáveis é acompanhado pelo avanço e fortalecimento de regulamentações, títulos e dívidas verdes, tanto no mercado externo quanto no interno.
Um exemplo prático no Brasil são as novas regras do Plano Safra 24/25, que devem beneficiar com melhores taxas os produtores que assumirem compromisso com o desenvolvimento responsável e consciente – mais uma amostra de que as metas socioambientais são indicadores importantes de segurança e risco.
Há outras ações do mercado que mostram o valor dessas práticas, como as emissões de títulos sustentáveis do Tesouro Nacional e a criação do selo de ações verdes na B3 (Bolsa de Valores do Brasil).
“Quando olhamos para renda fixa, vemos de forma concreta uma conexão e precificação que o mercado vem fazendo da sustentabilidade como fator de redução de risco dos investimentos. O motivo, para além das preocupações com a pauta em si, é que as empresas sabem que o investidor – até por obrigação fiduciária – sempre procura pelo melhor retorno de capital. Diante dessa necessidade, entende-se que os critérios ESG são relevantes como mitigadores de risco”, explica Maeda.
Sobre renda variável, ele complementa que, “apesar de o mercado brasileiro ainda ser pequeno, temos o Índice de Sustentabilidade Empresarial na B3, cujo desempenho tem sido superior ao Ibovespa, especialmente nos momentos de maior volatilidade. ”
Visão de longo prazo
A percepção de analistas do mercado financeiro e investidores é que tais práticas tendem a se tornar um requisito para obter acesso tanto a financiamentos como ao mercado de capitais.
Diante dessa nova perspectiva, quem for negligente à relevância do tema nas finanças ou quem estiver pensando em retorno de curto prazo vai ficar para trás, uma vez que o próprio mercado tem criado regulações e vem impondo requisitos de integração da área financeira com a agenda ESG.
Maeda avalia que, num futuro próximo, “talvez falemos menos da sigla como algo que anda em paralelo com a agenda financeira, pois estamos num contexto em que essas linhas estão convergindo para o mesmo ponto. Daqui a pouco, elas podem se unir e deixar de lado essa distinção, porque [o tema] estará totalmente incorporado pelas ferramentas do mercado”.
Nesse cenário, a Beon atua como conselheira das empresas no processo de integração dos aspectos financeiros e não financeiros, com mapeamento e implementação das boas práticas. “Nosso papel é caminhar ao lado das companhias e decifrar em conjunto os enigmas dessa jornada”, finaliza Maeda.
Fonte: Valor Econômico