Sondagem com 401 líderes traz retrato do mercado, revela avanços no entendimento do tema e lacunas a preencher
Pesquisa de amostragem ampla, que consultou desde empresas médias de capital fechado até grandes corporações do país, traz novos dados que mostram avanço na agenda ESG. O Brasil chegou a 51% de companhias que declaram possuir uma estratégia de sustentabilidade, ultrapassando a marca simbólica de metade do mercado.
O dado mostra a visão do copo “meio cheio”, e há ainda muito espaço para aprimoramento da metade vazia, argumenta Danilo Maeda, diretor da consultoria Beon ESG, que encomendou a sondagem com 401 líderes, conduzida entre março e maio nos setores de agronegócio, indústria, comércio e serviços. O levantamento foi feito pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados e tem parceria da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).
“As perguntas que tentam medir a qualidade das estratégias mostram espaço para evolução, as empresas em grande parte não estão usando as ferramentas mais adequadas”, observa Maeda.
“As empresas em grande parte não usam as ferramentas mais adequadas” — Danilo Maeda
Ele aponta falta de atenção a questões como avaliação de materialidade, processo que identifica temas críticos da agenda de sustentabilidade do negócio. “Precisamos avançar bastante em metas ligadas à remuneração variável, assim como mecanismos de transparência, como os relatórios de sustentabilidade, apenas um quinto das empresas adota essa prática.”
A pesquisa é a segunda do tipo, após sondagem feita em 2021. Houve alta de dez pontos percentuais para a existência de estrutura ESG nas empresas, de 29% para 39%. Entre as empresas que possuem time dedicado ao tema, 34% se reportam ao RH, e 24%, ao CEO ou presidente-executivo, um demonstrativo de uma parcela de companhias em que a sustentabilidade está integrada à área de pessoas e também ligada diretamente à estratégia de negócios.
Nos três anos entre uma sondagem e outra cresceu de 31% para 43% o número de empresas com metas ambientais fixadas. O salto é bem-vindo, mas ao mesmo tempo mostra que há empresas que declaram ter estratégias de sustentabilidade, porém sem metas ambientais, um descompasso que pode sugerir mais marketing do que realizações. “Vejo a necessidade de se entender melhor como se constrói uma estratégia consistente de sustentabilidade, um trabalho de educação e compartilhamento de conhecimento”, analisa Maeda.
O executivo lembra dos riscos do greenwashing, na tentativa de ludibriar os públicos de uma empresa, sejam consumidores, colaboradores ou fornecedores, mas crê que os dados não apontam necessariamente má-fé, e sim uma carência de capacitação no Brasil.
Das empresas que possuem estratégia de sustentabilidade, 42% a consideram aplicável em toda a cadeia de valor, inclusive no pós-consumo. É um dado que conversa com indicadores sobre a atenção das corporações aos stakeholders, na figura de consumidores ou parceiros de negócio, com destaque para comércio e serviços.
Fonte: Valor Econômico