Mulheres na engenharia civil ainda sofrem preconceito

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Ambiente machista e poucas lideranças femininas são vistos como fatores limitantes na carreira

Imagine um canteiro de obras. Movimentação para todos os lados, vigas e cimento em um ambiente cuja maioria dos trabalhadores é homem. Mulheres por ali, na construção civil, são poucas ou quase nenhuma, principalmente liderando.

Quando a engenheira civil Aline Guasti Teixeira, 35, entrou em uma obra pela primeira vez, em 2009, de cara ela percebeu uma diferença no jeito em que era tratada. A começar pelo espaço, que muitas vezes não atendia a questões fisiológicas de uma mulher, além dos assobios e cantadas que ouvia. O longo dia a dia na obra era exaustivo fisicamente e mentalmente.

Ela não é a única a se sentir dessa forma. Para 77% dos profissionais do setor, ainda há preconceito com a atuação feminina, aponta uma pesquisa feita pelo Portal AECweb e o Sienge Comunidade, em conjunto com o Ecossistema Tecnológico da Indústria da Construção, da Softplan.

O levantamento foi respondido por 619 funcionários, dos quais 68% eram mulheres arquitetas e engenheiras.

Teixeira sempre gostou de passar maquiagem, estar com a unha feita e usar vestido. Depois de frequentar as obras, ela conta que passou a evitar esse tipo de roupa e vestir mais camisas, com o objetivo de não ser mais incomodada.

O ambiente machista é tido como um dos fatores limitantes para 16% dos entrevistados na pesquisa. Assédio sexual e moral foram denunciados por 15% dos entrevistados. Por outro lado, 65% acreditam que, na empresa em que trabalham, homens e mulheres são tratados de forma igualitária.

A engenheira civil Danielle Ramos, que atua na elaboração, revisão e verificação de projetos arquitetônicos, estruturais e hidrossanitáriosas, reconhece o assédio moral que sofreu durante a carreira, mas isso depois de muita reflexão. Ela afirma que o assédio ainda acontece com as mulheres na área, mas com as redes sociais elas estão mais informadas.

“Algumas pessoas passam por aquela situação porque dependem daquilo”, diz. “Ela tem conta para pagar no final do mês ou filhos para sustentar.”

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