“É verdade que os escritórios deste nível ainda respondem por apenas 26% do estoque de imóveis comerciais na área central da cidade. Isto significa, na prática, que 81% destes 26% já se encontram ocupados e em pleno funcionamento. Mas por estes imóveis terem custos de aluguel por metro quadrado em média oito vezes maiores que os prédios menos modernos e atualizados, isso significa uma ocupação por empresas de capacidade econômica bem maior”, explica Lucio Pinheiro, diretor de locações da quase centenária consultoria imobiliária, demonstrando que desde 2017 os índices para os escritórios de alto padrão na região não eram tão bons.
Uma das razões para isto é a forte tendência de queda do home office, especialmente nas empresas privadas, onde de fato existe um controle mínimo de produtividade. O fato é que, apesar de o home office, para alguns, ainda ser considerado uma modalidade possível de trabalho, há outros fatores que ainda interferem em como vemos o mercado de trabalho e as relações que nele estabelecemos no cotidiano. Foi observando a falta do olho no olho do home office que a maior startup de recursos humanos do Brasil decidiu abrir um novo escritório. Em entrevista à TV Globo, Mariana Dias, CEO de uma empresa disse: “As pessoas estavam querendo voltar. Muita gente falando como estava sentindo falta dessa conexão, desse brilho no olho e de coisas intangíveis também. Por exemplo, almoçar com uma pessoa que você trabalha, depois do trabalho você conseguir se conectar. Tomar um café, fazer algum happy hour.” A avaliação de executiva é referendada pela pesquisa que apontou que número de profissionais que trabalham pelo menos um dia à distância recuou de 55,5%, em 2021 para 34,1% em 2022. Mais de um ano depois, estima-se uma queda ainda maior.
Se 19% dos imóveis corporativos de alto padrão do Centro ainda estão desocupados, o problema é muito maior nos imóveis antigos e desatualizados, nos quais a vacância beira os 50%, segundo o mesmo levantamento. “As empresas hoje priorizam maiores espaços horizontais e edifícios modernizados e inteligentes; não precisam ser novos, mas precisam estar ‘up to date’ com as melhores tecnologias. Estes prédios, bem localizados, são extremamente procurados. Todo mundo quer ficar no Porto, na Praça XV ou nas proximidades da Carioca”, disse ao DIÁRIO Pinheiro. Segundo ele, são muitos destes prédios antigos que provavelmente serão, aos poucos, convertidos em residenciais no esteio do projeto Reviver Centro: mas não é esta a única solução.