Artigo AEERJ – 22/09/2023
Saneamento na Baía de Guanabara: o eterno sonho!
Paulo Kendi T. Massunaga
Uma notícia foi comemorada por toda a sociedade na primeira quinzena desse mês: o tratamento de esgoto da Ilha de Paquetá tem feito com que as praias do bairro fiquem próprias para banho. O assunto foi comentado por vários especialistas, abordados por inúmeros veículos de comunicação e nos remeteu a uma antiga promessa: a despoluição da Baía de Guanabara e a importância do saneamento na vida das pessoas.
A vontade política é o pontapé inicial para a mudança de situações que qualifiquem o dia a dia da população como a baixa qualidade de vida. O saneamento influencia nos índices de saúde, economia e sustentabilidade. O investimento nessa área é de extrema importância e tem o poder de virar páginas tristes da história.
Em outubro de 2022 foi iniciada uma obra na Ilha de Paquetá, na cidade do Rio de Janeiro, que teria a duração de 10 meses, com o investimento de R$26 milhões, para a modernização da rede de esgoto. O objetivo é o tratamento do mesmo, evitando o despejo na Baía de Guanabara. A região recebeu uma nova estação de bombeamento se juntando a outras que foram modernizadas. Cerca de 52 milhões de litros de esgoto passaram a ser tratados na estação de São Gonçalo.
O resultado desse investimento foi comemorado pela população local, cerca de 3600 pessoas, além de turistas. Das oito praias locais, apenas uma continua imprópria para banho, de acordo com o relatório de balneabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Um resultado que há muito não se via.
É impossível assistirmos esse trabalho e não falarmos da despoluição da Baía de Guanabara, promessa não cumprida, ainda mais quando assistimos o avanço na despoluição do Rio Sena, na França, como parte do projeto da organização dos Jogos Olímpicos para 2024. Nas olimpíadas de 2016, aqui no Brasil, foi uma iniciativa frustrada. O Rio de Janeiro carece de obras estruturantes, projetos de estado e não de governo, que atravessem gestões sem que sofram solução de continuidade.
Atualmente estamos diante de mais um projeto para a redução da poluição e da limpeza da baía: as intervenções previstas no contrato de concessão do sistema de água e esgoto, com tratamento de 90% do efluente, evitando despejo no mar e a regeneração da água da baía. O resultado de Paquetá nos enche de esperança nesse projeto que mudará a realidade de milhares de pessoas, tendo consequências na área de saúde, turismo, revitalização do ecossistema e impulsionamento da economia da cidade.
As licenças ambientais para a instalação de coletores de esgoto na capital e em outros municípios fluminenses, foram concedidas pelo INEA à concessionária Águas do Rio. As intervenções vão impactar a vida de cerca de 10 milhões de pessoas nas 17 cidades que compõem a bacia hidrográfica da Baía de Guanabara, já que o esgoto lançado na água será levado para as estações de tratamento. Vamos aguardar e torcer para que saia do papel e possa beneficiar a toda população do estado.