Cuidando da cidade?

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O DiaEconomia1001/08/2018

Cuidando da cidade?

Luiz Fernando Santos Reis

A cidade do Rio de Janeiro está passando por momentos de incerteza e perplexidade com as perspectivas de como enfrentar a próxima temporada de chuvas que ocorrem durante o verão.

As dotações orçamentárias que a Prefeitura vem disponibilizando para área de conservação da cidade (Secretária de Conservação, Manutenção e Meio Ambiente, SECONSERMA) são irrisórias. É esta secretaria, como o próprio nome diz, que é responsável pela manutenção, limpeza e recuperação do sistema de águas pluviais, do pavimento das ruas, pelas calçadas e parques e jardins, ou seja, pelo bem-estar da população.  

No entanto, a impressão que temos é que nada disso é relevante, pois as verbas destinadas a estes setores são cada vez mais reduzidas, senão, zeradas.

Em programas como “revitalização e restruturação urbana, controle de enchentes e bairros maravilhas”, a redução em 2017 em relação à 2016 foi de 80%, o que equivaleu a R$ 800 milhões.

A paralisação desses serviços, além de gerar todos os problemas que atrapalham a vida do carioca (enchentes, deslizamentos, calçadas furadas e ruas esburacadas, áreas de lazer interditadas), significaram a não geração de 2.500 postos de trabalho. E representariam uma injeção de R$ 40 milhões de massa salarial, R$ 70 milhões de compras de insumos e R$ 40 milhões de impostos.

Se o quadro era esse em 2017, a situação em 2018 apresenta-se mais grave. A aparente falta de recursos vem agravando a manutenção e conservação da cidade. Não vemos equipes atuando nas ruas. A quantidade de buracos nas vias é enorme. Um bom exemplo é o caótico estado da Linha Vermelha. Qualquer chuva é prenúncio de ruas alagadas. Os parques estão abandonados. É o caso do Parque dos Patins, na Lagoa.

Para culminar, estamos à beira de um colapso na área de limpeza urbana, pois circula a notícia que a partir do mês de agosto a Comlurb não terá como pagar as empresas que para ela trabalham fazendo a coleta do lixo.

 

O prefeito Marcelo Crivella, em recente deliberação, autorizou medidas que vão bloquear e contingenciar os recursos para esses setores. Fruto da imprevisibilidade e insegurança, as empresas estão parando e demitindo seus funcionários, aumentando ainda mais o desemprego. 

Quando assumiu, o prefeito alegou que havia herdado da gestão anterior um buraco da ordem de R$ 4 bilhões. Apenas com o nosso setor o débito era da ordem de R$ 1,2 bilhão.

Causa muita estranheza o argumento da falta de recursos em função do débito deixado pela gestão passada se nada referente a esse débito foi pago?  Para com o nosso setor, a dívida persiste.

Como, então, não há recursos para cuidar da cidade?