Uma solução para o aeroporto Tom Jobim

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Jornal do CommercioOpiniãoA-1509/06/2010

Uma solução para o aeroporto Tom Jobim

Francis Bogossian
Presidente do Clube de Engenharia e da Associação
DAs empresas de engenharia do rio de janeiro (AEERJ)

Em 2008, o Rio de Janeiro sediou 41 eventos internacionais. Em 2009, esse número pulou para 62. No próximo ano, a cidade vai sediar os Jogos Mundiais Militares, em 2014 a Copa e, em 2016, as Olimpíadas. Esaes turistas estrangeiros chegam à cidade pelo Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. É a pior recepção que se pode dar a um visitante. O aeroporto está caindo aos pedaços: “uma rodoviária de quinta categoria”, como disse o governador, e ele tem razão. Banheiros, elevadores e ar-refrigerado, só para dar exemplos, não funcionam e, por todos os lados, as placas anunciam que “estamos trabalhando”. Há vários anos a Infraero “está trabalhando” no Tom Jobim, mas a situação melhora muito pouco.

O tráfego aéreo no Brasil vem crescendo muito. Só nos quatro primeiros meses de 2010, aumentou 32,22% em relação ao mesmo período de 2009. Isso apenas com o fluxo normal de passageiros, sem Copa do Mundo ou Olimpíadas.

A Infraero não consegue executar as obras já licitadas e também não tem recursos para atender à necessidade de investimentos que os aeroportos exigem. A dificuldade é tamanha que o governo federal incluiu na Medida Provisória nº 489, que cria a Autoridade Pública Olímpica (APO), um artigo que permite à Infraero realizar obras sem licitação, a fim de agilizar o processo.

Mesmo assim, prevendo que não vai conseguir realizar as obras necessárias até a Copa de 2014, a Infraero propõe ampliar os aeroportos com Módulos Operacionais Provisórios (MOP), em estruturas metálicas que serão utilizadas como salas de espera, balcão de check-in etc. Isto porque, segundo estudo da empresa divulgado pela imprensa, metade dos 16 aeroportos das 12 cidades que vão sediar a Copa não conseguem atender o volume de passageiros que recebem atualmente. Já estão superlotados!

Como os aeroportos do Rio de Janeiro não estão superlotados, ficaram fora da lista de aeroportos problemáticos da Infraero. Isto explica por que seu plano de investimentos prevê apenas R$ 566 milhões para obras nos terminais do Tom Jobim e nenhuma verba para o Santos Dumont. Por outro lado, vai destinar quase R$ 1,5 bilhão para os aeroportos de Guarulhos e Viracopos! Quando a sala de visitas de um país está desarrumada e deficiente, essa imagem se estende ao todo.

As obras que a Infraero está realizando no Terminal 1 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro se arrastam desde 2008 e, repito, são apenas obras de reforma de banheiros, elevadores etc. A construção do Terminal 2 até hoje não foi concluída. O Aeroporto Internacional Tom Jobim, com sua infraestrutura aeroportuária finalizada adequadamente, poderá atender à crescente demanda de carga e passageiros da Região Sudeste. É muito mais barato ampliá-lo e transferir voos do aeroporto de Guarulhos para o Rio do que construir um novo aeroporto em São Paulo. Para concluir as obras do Tom Jobim é necessário cerca de R$ 800 milhões. No Aeroporto Santos Dumont, o antigo terminal continua fechado, necessitando de mais R$ 200 milhões para a conclusão das obras. Mesmo assim, o Rio não é prioridade para a Infraero. No entanto, o Tom Jobim e o Santos Dumont são prioridades para o Rio e para o país.

As Olimpíadas no Rio em 2016 são a grande chance que cidade tem de se reerguer. Por isso, não podemos permitir que o estado continue relegado a segundo plano pelos órgãos federais, como aconteceu por mais de 40 anos. Nos últimos quatro anos, no entanto, observamos uma mudança substancial no relacionamento da União com o estado e com a Prefeitura do Rio. É esse entendimento que deve persistir para solucionar, definitivamente, a situação dos dois aeroportos.

A privatização dos aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont parece ser a melhor solução para o Rio. Ambos são viáveis comercialmente e passíveis de privatização. A transferência para a iniciativa privada só trará benefícios para o estado, tanto de imagem como de geração de empregos, deixando a Infraero livre para investir em outros aeroportos. Esse assunto não é novo e já vem sendo estudado pelo governo federal há algum tempo. Agora está na hora de fechar as arestas e promover a privatização para que os novos concessionários tenham tempo de realizar as obras necessárias e, já na Copa do Mundo de 2014, o Rio poder receber os atletas, as delegações e os turistas como eles merecem.

Artigo publicado no Jornal do Commercio de Quarta-feira, 9 de junho de 2010
Opinião – A-15