Ponto de vista: Francis Bogossian
Francis Bogossian é presidente do Clube de Engenharia e da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ) e tem acompanhado esse momento de transformação da Cedae. Nessa entrevista ele avalia algumas ações e investimentos da empresa nos últimos três anos.
A Cedae tem reforçado o seu quadro de engenheiros. Como o senhor avalia essa medida?
Esta é uma medida muito acertada. Para universalizar o abastecimento de água e tratamento de esgoto no Estado do Rio de Janeiro, a Cedae precisará contar com um quadro qualificado para atender a demanda. Além do mais, é necessário renovar a equipe atual, porque grande parte já está se aposentando ou perto de se aposentar.
E o fato de a Cedae ter voltado a pagar em dia seus fornecedores?
Pagar em dia é uma obrigação de quem compra ou contrata serviços. Infelizmente isto é válido só para o setor privado. No setor público a pontualidade nos pagamentos é visto como um diferencial, quando não deveria ser. As empresas que trabalham para o setor público precisam pagar em dia seus fornecedores, empregados e impostos. Quando atrasam os impostos, pagam juros e multas. O tradicional atraso de pagamento dos órgãos públicos só reduz a concorrência. As empresas, que aceitam trabalhar nestas condições, usam o capital próprio ou empréstimo bancário para se financiar e acabam falindo.
Como o senhor vê a empresa voltando a investir em obras de saneamento em todo o Estado?
Vemos com satisfação que a Cedae já investiu mais de um milhão em obras de saneamento na Região Metropolitana e no Interior do Estado e torcemos para que a meta de elevar para 85% o esgoto tratado no Estado seja atingida. A saúde da população e o meio ambiente agradecem.
O que o senhor espera desse momento de transformação da Cedae? Qual a expectativa em relação ao futuro da empresa?
A empresa está no caminho certo. Corrigindo suas falhas e se estruturando para competir no mercado financeiro e atrair capitais privados para investir em saneamento. Com a abertura de capital, a Cedae ficará mais competitiva e não dependerá apenas do orçamento do governo do estado e do que arrecada para garantir ao Rio um salto de qualidade no saneamento.