Parcerias: Caminho para Inovar
A inovação na área de Engenharia tem ganhado cada vez mais importância no Brasil. Em entrevista ao INOVA, Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia e da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ) e membro do Conselho de Administração da Geomecânica, recomenda às companhias uma gestão profissional dos seus projetos com universidades, de forma a atender estritamente ao escopo da pesquisa
INOVA– Quais são as principais demandas tecnológicas da Geomecânica e da área de Engenharia, atualmente?
FRANCIS BOGOSSIAN – O cenário recente dos graves acidentes em encostas devido às chuvas de verão, rupturas de barragens e de obras subterrâneas, risco de colapso de pontes e viadutos existentes, entre outros, mostra a necessidade de desenvolvimento de novas ferramentas e metodologias para a gestão do risco. Da mesma forma, os grandes investimentos em infraestrutura, necessários para sustentar o crescimento econômico do Brasil, exigem o desenvolvimento de produtos e processos inovadores que tenham como meta reduzir custos, aumentar a qualidade e minimizar os impactos ambientais. A utilização de novos materiais, a redução e reutilização de rejeitos, a utilização de produtos biodegradáveis, entre outros, são também necessidades do mundo de hoje. O Brasil tem, ainda, o grande desafio de produzir óleo e gás nas águas profundas da região do pré-sal. Para isto é necessária muita pesquisa, desenvolvimento e inovação nas áreas de perfuração, estudos de reservatórios, fundações das plataformas de produção, automação, escoamento da produção, logística etc.
I – Que tipo de parcerias a empresa desenvolve na área de inovação?
FB – A Geomecânica atua na indústria de óleo e gás junto à Petrobras desde o início da exploração de petróleo no mar, no Brasil, nos idos da década de 70. Hoje, estamos trabalhando na área do pré-sal. Temos uma parceria com o NGI (Instituto Norueguês de Geotecnia), referência para a indústria do petróleo na área offshore, que envolve a transferência de tecnologia e conhecimento, e a realização de pesquisa e desenvolvimento (P&D) visando à inovação. Aqui na empresa, isto é executado por engenheiros e técnicos brasileiros. Esta é a condição que sempre exijo nas parceiras com organizações estrangeiras.
I – Que conselhos o senhor daria para as empresas que estão buscando parcerias com universidades e centros de pesquisa em seus projetos inovadores?
FB – Acho fundamental para o desenvolvimento do Brasil a parceria da indústria com a academia e centros de pesquisa. A Geomecânica foi uma das primeiras empresas a firmar convênio com uma universidade para o desenvolvimento de novos produtos para a área do petróleo, há mais de 25 anos. É difícil dar conselhos, mas eu recomendaria às companhias uma gestão profissional dos seus projetos com universidades, de forma a atender estritamente ao escopo da pesquisa.
I– Como o senhor vê a questão da propriedade intelectual em inovação?
FB – Este é um assunto que precisa de um entendimento entre todas as partes envolvidas. Hoje, no Brasil, agências reguladoras, instituições de fomento à pesquisa, empresas, centros de pesquisa e governo divergem sobre a propriedade intelectual. Acredito que isto tem sido um forte entrave para aplicação do grande volume de recursos disponíveis para P&D nas empresas de engenharia.