País retoma investimentos em infraestrutura

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e-ABMSEdição nº 25 – 30/05/200802/06/2008

País retoma investimentos em infraestrutura

Francis Bogossian

Bogossian afirma que a retomada dos investimentos, no caso do Rio de Janeiro, envolve neste momento a reurbanização de favelas, as obras de renovação do Aeroporto Tom Jobim e a construção do Arco Rodoviário Metropolitano, entre outras. Neste último caso, que está inserido no PAC, a construção vai exigir recursos da ordem de R$ 800 milhões, com 75% dos recursos vindo da União e os outros 25%, do Estado. “Com o PAC, as coisas estão começando a caminhar”, afirma o ex-presidente da ABMS. “Vamos ver se este processo terá continuidade, se os recursos serão mesmo liberados, porque não adianta dar um único tiro para o alto”.

Arco Rodoviário do Rio de Janeiro
O Arco Rodoviário Metropolitano será uma rodovia de 1ª classe, com 145 km de extensão, atravessando a Baixada Fluminense. Quando concluído, o Arco ligará o município de Itaboraí, onde será instalado o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), ao porto de Itaguaí, sem passar pela cidade do Rio de Janeiro. O Arco vai permitir a integração entre as cinco principais rodovias federais que demandam o Rio, como Rio-Vitória, Rio-Bahia, Rio-Belo Horizonte, Rio-São Paulo e Rio-Santos.

Os quatro primeiros trechos da obra, totalizando 72 km de extensão, ligarão o porto de Itaguaí e a BR-101 (Rodovia Rio-Santos) à BR-040 (Rio-Belo Horizonte) e à BR-493, rodovia que contorna a Baía de Guanabara. O governo do Rio já divulgou os nomes dos quatro consórcios que venceram a licitação. Cada um deles executará um trecho da obra, que deverá ser iniciada em maio.

Aeroporto Tom Jobim
A luta em favor da liberação de recursos para infra-estrutura é uma constante atividade de Francis Bogossian. À frente da Presidência da Associação de Empresas de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro (Aeerj), que reúne as principais empresas construtoras fluminenses, ele é o coordenador da Frente Pró-Rio, do movimento que reúne outras 30 entidades representativas da sociedade. A mais recente reivindicação do movimento é a liberação de R$ 100 milhões para a realização de obras necessárias à revitalização do terminal de passageiros do Aeroporto Tom Jobim (Galeão), construído há mais de 30 anos.

No final de fevereiro, Bogossian entregou carta com esta solicitação ao presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos e Fiscalização do Congresso, deputado José Pimentel . “O Rio, que ocupa a segunda posição entre os estados que mais arrecadam tributos, vinha sendo preterido na distribuição de verbas federais até recentemente.”

O mercado para engenheiros civis
Apesar de ser muito bem-vinda, a retomada dos investimentos em infra-estrutura evidenciou um problema que era mais conhecido por quem acompanhava de perto o mercado de trabalho e a formação acadêmica dos engenheiros. Bogossian lembra que a escassez de investimentos em infra-estrutura e construção civil perdurou por mais de 20 anos, desestimulando fortemente os jovens a ingressar numa faculdade de engenharia. O resultado é que agora “não está fácil contratar um engenheiro civil”, afirma o professor e empresário.

Se for levada em conta a necessidade do país em relação às obras de infra-estrutura, haverá ainda no futuro próximo muito espaço para o trabalho dos engenheiros e, em especial, dos engenheiros geotécnicos. Bogossian destaca a necessidade de obras no setor de energia. “O programa energético não vem sendo cumprido”, aponta. “Se o crescimento for mantido, aumenta o risco de faltar energia”.

Na área de transportes também há muito a ser feito, tanto na conservação das vias já existentes como na construção de novas rodovias e ferrovias. “O PAC precisa entrar nessa área. E precisa entrar forte também para investir no sistema portuário, hoje um entrave permanente à expansão da atividade comercial do país com o exterior”, afirma o ex-presidente da ABMS.

Lei de Licitações
Mesmo que os investimentos em infra-estrutura cresçam, Bogossian aponta um problema de origem legal que pode prejudicar todo esse esforço coletivo. “O Poder Público contrata mal”, diz ele. Na raiz do problema está a Lei de Licitações (8666/93), que faz prevalecer o preço mais baixo sobre qualquer outro critério.

“A qualidade não entra em pauta”, explica Bogossian. A conseqüência, muitas vezes, é a má qualidade das obras e a ocorrência de acidentes. “As licitações são feitas apenas com o projeto básico, sem o projeto detalhado; em outras, nem há o projeto básico”. Ele reconhece que a ABMS tem procurado abordar sistematicamente o tema, em debates nacionais sobre a Engenharia. E sugere persistir neste caminho para que a Lei de Licitações sofra alterações, de modo a fazer com que a proposta técnica tenha peso e importância em qualquer processo de licitação.
Francis Bogossian – Um perfil

Francis_BogEx-presidente da ABMS (1988-92) e atual presidente da Aeerj, já há 12 anos, recém-reeleito para mais três, Francis Bogossian tem uma sólida e diversificada experiência profissional, que começou logo depois que se formou engenheiro, em 1965, na Universidade do Brasil. No ano seguinte, deu início à sua trajetória acadêmica, como professor de Mecânica de Solos, Fundações e Obras de Terra, na UFRJ. Um pouco depois, a convite do renomado professor Fernando Emmanuel Barata, também ex- presidente da ABMS, começou a lecionar Investigações Geotécnicas na opção de Geotecnia UFRJ (1968). Posteriormente, Bogossian foi professor na Universidade Veiga da Almeida (UVA), onde chegou a contar com 15 assistentes para ministrar as disciplinas de Geologia e Geotecnia, depois chefe de departamento, diretor e pró-reitor de desenvolvimento.

Trabalhou inicialmente na empresa do professor Costa Nunes e, em 1972, abriu a sua própria, a Geomecânica, que completa 36 anos de atividades em 2008. Durante todo esse tempo, o espírito empreendedor de Bogossian conviveu bem com sua vocação acadêmica e também com seu perfil de técnico, de engenheiro praticante.

É membro vitalício da Academia Nacional de Engenharia e da Academia Brasileira de Educação.
Talvez por essa tripla qualificação – engenheiro, empresário e acadêmico – Bogossian faz questão de apontar a importância de manter estreita a relação entre a academia, os engenheiros profissionais e as empresas. Ele dá como exemplo os programas da PUC-Rio, que buscam aproximar universidade e indústrias. “Tenho orgulho em dizer que a Geomecânica foi uma das primeiras a se filiar a esses programas”, afirma o empresário. “Se outras instituições, como a UFRJ ou a UERJ, fizerem o mesmo, poderão contar com o nosso apoio”.

Bogossian entusiasma-se também com a idéia de criar o Instituto Brasileiro de Geotecnia, que já foi levada ao âmbito da ABMS, nos moldes da Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, a GEO-Rio. O novo órgão teria a missão de propor soluções preventivas e corretivas para graves problemas como deslizamentos, enchentes e acidentes com obras geotécnicas, abrangendo todo o estado do Rio de Janeiro