Insistimos que o governo deve sair do discurso
Francis Bogossian,
A engenharia, em suas várias vertentes e com suas diversas entidades,
precisa insistir, sem receio de parecer a ser repetitiva: o governo tem de sair
do discurso e partir para ações práticas.
Após 18 meses, a atual administração federal ainda não deu sinal de que
estimulará a construção no País. No Estado do Rio de Janeiro, o mercado de
obras públicas não registra melhorias. Entendemos que o problema nessa área
não é de hoje; vem de outra administração, mas cabe a esta, que assumiu em
cima de propostas de revitalização da economia brasileira, acionar os
mecanismos que possam mudar o quadro existente.
O tempo passa e passa depressa. Cada vez mais se torna flagrante a
percepção de que é necessário tempo hábil para a tomada das medidas para o
estabelecimento de regras claras, injeção de investimentos e mobilização da
engenharia.
O setor de obras públicas, notadamente, o de infra-estrutura, merece
tratamento prioritário. Um passo importante, nesse sentido, é o pagamento das
dívidas do Ministério dos Transportes para com as construtoras, referentes aos
exercícios de 2002, 2003 e 2004 e que somam mais de R$ 560 milhões. Ao lado
dessa prioridade, é urgente investimentos para manutenção e recuperação de
estradas. O volume de recursos, já anunciado pelo governo federal para os
próximos meses, é reconhecidamente irrisório.
A construção, setor de mão-de-obra intensiva que gera postos de trabalho e
treina operários sem experiência e sem escolaridade, continua sem uma
política para alavancá-la. Diferentemente do que ocorre em outros países.
Por isso, precisamos considerar o exemplo dos países desenvolvidos, nos
quais os financiamentos para compra de imóveis são de 30 anos; já no Brasil
não chegam a dez anos. Aqui, há mais de dez anos se discute um projeto de lei
de saneamento, mas nada acontece. Enquanto isso, os juros permanecem nas
alturas.
*presidente da AEERJ-Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro