Francis propõe criação de órgão de Prevenção e Mitigação de Catástrofes
A edição de fevereiro de 2012 da revista O Empreiteiro trouxe uma extensa matéria, assinada pelo editor Nildo Carlos Oliveira, sobre o problema das enchentes em todo o Brasil, intitulada “Chuvas, mortes, desvios de recursos e obras inacabadas”.
Reproduzimos a entrevista com o presidente da AEERJ e do Clube de Engenharia Francis Bogossian sobre o assunto:
Mitigação de Catástrofes
Para o engenheiro geotécnico Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia, “os repetidos desastres ambientais causados pelas chuvas no Rio” – e poderemos acrescentar: em outras regiões do País – “são o reflexo da inexistência, durante mais de 30 anos, de uma política habitacional, o que propiciou uma ocupação desordenada nas margens de rios e encostas.”
O Clube de Engenharia considera que é urgente a criação de um Departamento Nacional de Prevenção e Mitigação de Catástrofes, composto por engenheiros geotécnicos e florestais, geólogos, hidrólogos etc para, através de seções estaduais, atuar junto às prefeituras executando o que Francis chama de tratamento passivo, ou seja, ações e/ou obras de prevenção.
Em sua opinião, as prefeituras municipais, a despeito de serem as responsáveis legais e, portanto, as que concedem licenças de obras, não têm, em geral, estrutura e condições financeiras para manter uma equipe técnica altamente qualificada, como é necessário para a elaboração de mapas geológicos, identificação de áreas de risco e determinar as prioridades para as obras de prevenção.
“O custo das obras de prevenção representam cerca de 10% do que será gasto após um desabamento, isto sem falar nas perdas de vidas e de patrimônio. Sem um trabalho preventivo as obras emergenciais são uma certeza. Mas não se pode generalizar dizendo que obras emergenciais são um sinônimo de corrupção. Obras emergências são muito mais difíceis de serem executadas do que as obras preventivas, e em muitos casos causam prejuízo às empresas.”
Francis explica que para atender a uma emergência, “a construtora mobiliza pessoal, máquinas e equipamentos imediatamente, mas sem nenhuma previsão de receber pelo trabalho que vai realizar. Depois do primeiro momento, precisa elaborar projetos, fazer ensaios de laboratório, obter as licenças ambientais antes de iniciar efetivamente a obra. Isto leva tempo e dinheiro, que na maioria das vezes custa a chegar.”
A forma mais rápida e efetiva, na opinião de Francis, para prevenir as tragédias que se repetem todos os anos nos períodos de chuva é implantação imediata de um Departamento Nacional de Prevenção e Mitigação de Catástrofes.