Bandeiras para o Clube de Engenharia
Francis Bogossian,
engenheiro
Um país não pode prescindir da Engenharia para se desenvolver. Esta é a
mola mestra do crescimento sustentável. Depois do longo período de
hibernação, o Brasil voltou a crescer e mais do que nunca precisa de
engenheiros.
Mais de 20 anos de estagnação e de falta de investimentos em
infra-estrutura desestimularam a engenharia brasileira. As universidades
constataram enorme diminuição de matrículas em seus cursos porque os
engenheiros recém formados ficavam desempregados ou mudavam de atividade
para trabalhar em outros setores que lhes proporcionavam crescimento
profissional.
Agora, com a retomada do crescimento, as empresas de engenharia e a
administração pública se vêem sem condições de atender às demandas, por
falta de profissionais qualificados, principalmente nos setores da
construção civil, e do petróleo e gás, fortemente impulsionados pela
Petrobras.
Mesmo com grande oferta no mercado de trabalho, os cursos de Engenharia
não conseguem mais atrair os jovens. São desinteressantes, estão defasados e
obsoletos, face à dinâmica do século XXI. É urgente a reforma do ensino de
engenharia. Para encampar esta luta, nenhuma instituição mais apropriada do
que o Clube de Engenharia que, com seus 129 anos de atividade, pode reunir
os professores de engenharia e as empresas, que conhecem as necessidades dos
postos de trabalho, para sugerir e encaminhar reformulações ao Ministério da
Educação e às universidades.
Enquanto isto não acontece, o Clube de Engenharia pode suprir parte deste
vácuo, através de suas Divisões Técnicas, apoiando a administração pública e
as empresas de engenharia, na proposição de atividades de educação
continuada, que complementem a formação universitária.
Como berço da engenharia nacional, o Clube de Engenharia tem condições de
impulsionar o conjunto de forças dispersas da engenharia, do empresariado e
dos engenheiros, em uma Frente Parlamentar de Engenharia, no Congresso, para
lutar por ferramentas legais e institucionais que estimulem o crescimento da
Engenharia Nacional. A política industrial brasileira precisa ser capaz de
incentivar o desenvolvimento da nossa engenharia. A abertura indiscriminada
do mercado aos produtos e serviços estrangeiros, fragilizando a participação
da empresa brasileira, e também os processos de desestatizações e
concessões, sem cláusulas que priorizem a participação da Engenharia
Nacional nas futuras contratações, são pontos que devem ser combatidos com
vigor.
É indispensável, ao mesmo tempo, buscar transferências de novas
tecnologias e promover a associação com entidades e empresas estrangeiras
que nos complementem, para que o país possa se desenvolver, absorvendo
conhecimentos técnicos e científicos de ponta.
Outro tema em que o Clube de Engenharia deve “mergulhar de cabeça” é o
novo marco regulatório do petróleo, atuando de forma não partidária e acima
dos interesses de classes e grupos, para que prevaleçam apenas os conceitos
que fortalecem o país. É no Rio que estão as maiores reservas de petróleo. É
no Rio que estão as principais empresa de petróleo, a começar pela
Petrobras. O Clube de Engenharia precisa ser um fórum de acompanhamento
permanente de discussão sobre tudo que se refere à exploração e à aplicação
dos recursos que advirão do pré-sal. O Rio de Janeiro, que já foi penalizado
em 1988, com a perda da arrecadação do ICMS do petróleo aqui produzido, não
pode ser mais uma vez atropelado.
Outra bandeira que o Clube de Engenharia deve encampar é a recuperação do
prédio do Largo de São Francisco, onde nasceu a primeira escola de
engenharia do país, a Academia Militar de Engenharia do Rio de Janeiro e que
está em péssimo estado de conservação. O prédio completará 200 anos em 2012,
e nada melhor, para celebrar esta data, do que transformá-lo no Museu
Histórico da Engenharia Nacional.
Francis Bogossian é presidente da AEERJ-Associação das Empresas de
Engenharia e candidato à presidência do Clube de Engenharia pela chapa Clube
de Engenharia Unido.